Page 34 - CIBERCULTURA: LINGUAGEM, LÍNGUA E VARIAÇÃO
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VARIAÇÕES LÍNGUÍSTICAS
Bagno (2007, p. 36) define a língua como “um organismo vivo e
constantemente em desenvolvimento e transformação”. É um processo coletivo,
empreendido por todos os usuários. Como somos seres heterogêneos e em
processo de construção, desconstrução e mudança, a língua vai refletir essas
mudanças, por meio das variações. As variações linguísticas podem ocorrer por
fatores como a origem geográfica, classe social, grau de escolaridade, idade, e
outros inúmeros fatores.
A língua é um trabalho coletivo, social, realizado por todos os falantes, todas
as vezes que eles se relacionam por meio da fala. Sabemos que os indivíduos são
heterogêneos, múltiplos, instáveis e estão sempre modificando sua maneira de ser
e agir. Portanto, é paradoxal pensar a língua como algo instável, imutável e
homogêneo, visto que ela é resultado da interação entre os seres. Dessa forma,
devemos pensar na língua com dinamismo (BAGNO, 2007).
Bagno (2007, p. 36) afirma que “o real estado da língua é o das águas de um
rio, que nunca param de correr e de se agitar, que sobem e descem conforme o
regime das chuvas, sujeitas a se precipitar por cachoeiras, a se estreitar entre as
montanhas e a se alargar pelas planícies”. Portanto, podemos considerar as línguas
como sistemas amplos, abertos e que modificam ao longo dos tempos e vão
constantemente se ajustar às suas condições de uso.
A norma padrão é uma tentativa de refrear artificialmente as variações
linguísticas que representam um processo inerente à língua. As variações
linguísticas são um processo natural da língua, e acreditar que a língua é uma
entidade acabada, pronta, correta e perfeita é o grande problema. Bagno (2007,
p.37) enfatiza que "não são as variedades linguísticas que constituem “desvios” ou
“distorções” de uma língua homogênea e estável. Ao contrário: a construção de
uma norma-padrão, de um modelo idealizado de língua, é que representa um
controle dos processos inerentes de variação e mudança”.
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