Page 137 - Revista Histórico das Instituições literárias do Paraná
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Pertinho do céu estão, agora, alguns integrantes deste Baronato que
                        já se foram, entre tantos:
                               Juril Carnasciali: Baronesa do Tarumã; Túlio Vargas: Barão de Piraí
                        do  Sul; Theodoro  De Bona:  Barão  de Nhundiaquara;  Franscisco  Cunha
                        Pereira: Barão de Nácar; Ivo Arzua Pereira: Barão das Misericórdias; Metry
                        Bacila: Barão dos Campos Gerais; Moysés Paciornik: Barão de Catuporã;
                        Nely Almeida: Baronesa da Ação Social; Osvaldo Pilotto: Barão da Água
                        Verde; Antônio Augusto da Porciúncula: Barão da Cruz Alta; Waltel Branco,
                        Barão de Paranaguá.
                               Jornalista da Gazeta do Povo, em reunião desta Honorífica Ordem
                        do Sapo, assim disse:
                               Prezado leitor, preste atenção com quem está falando. Curitiba tem
                        pelo menos  75 moradores  com títulos de nobreza. Trata-se de barões,
                        baronesas e condes, discretíssimos  em sua maioria, de modo que são
                        identificados  apenas  pelos  conhecidos.  É  fato  que  ostentam  medalhões,
                        como os graúdos de antigamente, mas vivem  como se  fossem  plebeus.
                        Suas comendas saem das sedas apenas em ocasiões, nalgum palacete, em
                        encontros quase secretos, nos quais se alegram recitando versos e trovas,
                        longe dos arrulhos dos curiosos.
                               Para descobrir a identidade de algum desses eleitos, basta prestar
                        atenção nas lapelas, nas quais prendem um pequenino broche em forma de
                        anfíbio. Eis o sinal. Em volta está escrito: “Soberana Ordem do Sapo”, nome
                        da confraria à qual pertencem. Mas não espere que esnobem a titulação
                        nas redes sociais. Seria uma vulgaridade.

                               Sapolândia
                               Confira o vocabulário básico da Ordem:
                               Se os confrades levam a sério ou não essa história de baronato, em
                        pleno século 21, é a pergunta mais difícil de responder. Os graus de adesão
                        variam de nobre para nobre, o que não impede afirmar que a Soberana
                        Ordem do Sapo é um fenômeno cultural dos mais curiosos da cena local. Há
                        37 anos.
                               O “Taborda”
                               Para entender como tudo surgiu, é preciso  invocar o intelectual
                        paranaense Vasco Taborda Ribas uma figura típica da primeira metade do
                        século passado. Jornalista, advogado, escritor, Vasco bem poderia ser um
                        personagem de Lima Barreto ou de Dias Gomes. Tinha fleuma, como se
                        dizia. Fazia o tipo à gomalina. Empolgava. Caloroso, tirava o chapéu para
                        cumprimentar os que encontrava na rua, e não eram poucos.
                               Como bom paranista, nutria saudade do fausto da erva-mate e tinha
                        algumas birras com São Paulo, a vizinha rica e má. Mas, segundo consta,
                        esbanjava humor, o que o tornava devoto ardoroso de uma determinada
                        revista literária publicada em Curitiba, de 1898 a 1902. O periódico não
                        era um pasquim, mas se chamava O Sapo, e nascera da pena de Leocádio
                        Cysneiros Correia, filho do célebre médico Leocádio José Correia, e outros
                        três companheiros de prensa: Leite Júnior, Gabriel Ribeiro e Tales Saldanha.
                               Para quem é novo nessa seara, a capital não somava nem 50 mil
                        habitantes naqueles idos. Mais da metade dessa gente tinha poucas letras,
                        mas nada  que impedisse a circulação de algo  próximo de magazines
                        diferentes, fora os jornais, como informa a historiadora Rosane Kaminski no
                        projeto Revistas Curitibanas (www.revistascuritibanas.ufpr.br).


                                                                  Histórico das Instituições Literárias do Paraná . 137
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