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Essas publicações eram o que havia a exemplo da Pallium e da
Azul, para citar duas. O Sapo se destacava pelo nome irreverente, alusão
a um apelido que, segundo o historiador David Carneiro, teria sido dado
aos curitibanos pelo primeiro presidente da província, Zacarias de Góes e
Vasconcellos.
Tudo indica que circulavam por aqui mais sapos per capita do que
revistas de poesia. De modo que antes de os curitibanos serem associados
a vampiros sombrios, por causa do Dalton Trevisan, foram comparados a
seres solitários, dados aos banhados e fascinados pela luz da lua.
Vasco Taborda Ribas gostava dessa analogia e cultuava as 30 edições
de O Sapo impressas em litografia, sugestivamente na cor verde. Em 1976,
foi mais longe: decidiu reeditar a revista, na forma de boletim e fundar um
círculo literário em torno da publicação, tal como nos tempos do Império.
Nascia a “Soberana Ordem do Sapo”.
Até o fechamento desta edição não se encontrou alguém que afirmasse
ser Vasco um monarquista enrustido ou um ledor de contos de fadas, o que
justificaria sua ideia de dar títulos de barão e de conde a seus associados. O
fato é que contra todas as evidências, a proposta encantou uma pá de gente
naqueles gelados anos 1970.
“Batuta”
“O primo Vasco era um sujeito batuta”, repete o professor aposentado
da UFPR Apollo Taborda França, um dos primeiros membros da Soberana
Ordem do Sapo, na qual fez longa carreira. É homem inteligente e muito
articulado. É o Barão do Tatuquara, em alusão às terras que sua família
possuía naquela região, local que, mais tarde se tornou um dos maiores
bairros de Curitiba. “Tatuquara”, era o nome da fazenda de seu avô João
Lourenço Taborda Ribas o qual, por suas múltiplas qualidades, muito
contribuiu para a melhoria e avanço da capital paranaense.
Com a morte de Vasco, em 1997, ficou para Apollo a incumbência
de continuar a Ordem do Sapo, assim como outra fundada pelo parente
a Cavalheiresca Ordem de Nhapecana. Só cumpriu a promessa sete
anos depois, sendo alçado ao posto de grão-mestre, grau reservado ao
mandachuva. Em 2010, quiçá inspirado pela presença de uma mulher na
presidência da República, passou o bastão para sua sobrinha, a advogada
Vânia de Souza Ennes, Baronesa da Vista Alegre. Em agradecimento aos
serviços prestados, ganhou a alcunha de Conde.
Na gestão da Grã-mestra Vânia, a Soberana Ordem do Sapo passou
por remodelações. Tornou-se menos secreta e menos careta. Aos rituais
criados por Vasco, somou a “Cerimônia do Sol”, realizada numa cobertura
do Centro. Conseguiu atrair jovens para o baronato como o estudante
de Direito André Borges Oliveira Santos, o Barão de Guayracá. E planeja
acolher crianças e adolescentes. Pensa lhes dar o título de “infantes”.
Ao entrarem para a Ordem, ouvirão falar da revista O Sapo, do Vasco,
e do tempo em que os curitibanos desviavam da saparada para andar pelas
ruas do centro de Curitiba. Em seguida, lerão o decálogo com as regras da
casa e algo como 40 poemas inspirados no sapo, incluindo o cururu. Poucos
animais tão feios merecem honraria tão bela. Coisa de nobres.
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