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Capítulo 7 A Confraria do Tabaco – O Poder Dentro do Poder
Durante os trinta e três anos que durou o casamento de Victor a percepção
comum era de que fora um sucesso, ao menos nos seus aspectos gerais. Para a
sociedade terraaltina eles eram o casal perfeito e para a família Astu Ninan
eram a garantia de mais um baluarte para a permanência da família no topo
do poder econômico e social.
Victor tinha consolidado sua fama, junto a maior parte da sociedade da região
das grandes fazendas dos altiplanos, como sendo pessoa com caráter ilibado,
moralmente irrepreensível, comprometido com o bem da sociedade em geral e
particularmente interessado na melhoria das condições de vida dos
trabalhadores da terra. Havia conseguido levar para à montanha, nos
altiplanos, as condições reais para a melhoria e para a preservação do bem
estar das famílias de agricultores.
Trabalhou sempre com os políticos mantendo relações estreitas com o poder
sem nunca se tornar ele mesmo um político e interferiu diretamente com a
administração pública e as grandes fortunas da região e conseguiu o
financiamento para a construção de hospitais e escolas, fez programas para a
construção e manutenção das casas das famílias, obrigou os governos se
preocuparem com as manutenções das estradas, criou um programa de
cultura itinerante levando aos vilarejos cinemas, teatros e bibliotecas móveis
e influenciou na construção de estradas de ferro que ligavam os altiplanos às
cidades de forma rápida, segura, limpa e barata.
Durante anos trabalhou ativamente num projeto de investimentos das
grandes fortunas em programas para a exploração do imenso potencial
turístico da região. Convenceu os antigos grandes latifundiários a trocarem
suas terras produtivas por empreendimentos na área do turismo. Ele mesmo,
com o financiamento dos Astu Ninan e apoio de bancos de investimentos
federais, construiu hotéis, cassinos, estações de esqui, estações de banhos