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A campanha difamatória foi tão intensa que por esta época a imagem de
Victor em âmbito nacional começou a estar ligada à manobras para implantar
a censura.
Isso piorou muito quando Victor começou uma campanha para interessar os
jovens das famílias dos agricultores a dedicarem suas vidas ao trabalho na
terra. Houve verdadeiros comícios em que Victor e a família Astu Ninan
foram acusados abertamente de terem o único interesse na perpetuação de
gerações de trabalhadores condenados às condições precárias e sofridas da
rotina rural para sustentação das vidas luxuosas e privilegiadas dos ricos nas
cidades.
Victor nunca se abalou com estes ataques, nem sequer tomava total
conhecimento deles. Continuava trabalhando naquilo que acreditava ser o
melhor para o povo das montanhas e para a remissão da sua própria alma,
firmemente convicto que seu desinteresse e enfado quanto aos seus
semelhantes individualmente teriam que ser compensados conseguindo, ainda
que minimamente a cada vez, melhorar as condições de vida no dia-a-dia das
comunidades. Convencido que para o trabalhador da terra, o melhor era ele e
sua família poderem continuar vivendo e trabalhando em suas terras, Victor
continuava obstinadamente implantando programas de educação e saúde e
promovendo a ideia da boa vida nas montanhas para os agricultores.
Por conta disso, seus opositores diziam que Victor não queria ver o homem da
montanha descendo as trilhas e embora Victor tivesse que ter cuidado ao
externar esta opinião porque dependendo do interlocutor seria matéria certa
para uma polêmica infindável, a verdade é que ele não queria mesmo.
Quando o acusavam de oferecer aos campesinos um atendimento hospitalar
precário Victor não se dava ao trabalho de responder e raciocinava que este
atendimento era o único que possibilitava muitas vezes manter uma pessoa
viva até ser levada para os grandes centros e hospitais e clínicas mais bem