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Como mágica começaram a aparecer produtos com a marca de Cesar, uma
figura estilizada de um arco de violino, ou poderia ser de violoncelo, com farta
cabeleira loura acobreada. Era uma inteligente caracterização da jovem
figura de Cesar que na adolescência parecia mesmo, um alto e muito magro
arco meio encurvado, sob uma cabeleira rebelde com mechas de fogo.
Havia discos com uma variedade eclética de gêneros musicais, filmes com
historietas musicadas e livros infantis da autoria de Cesar saudados pela
crítica como verdadeiras obras primas de criatividade e elementos
instigadores para os jovens de todas as idades, como prometiam em letras
garrafais os cartazes promocionais de cada linha do que Cesar escrevia. Mas a
grande ambição dos Astu Ninan era o triunfo de Cesar como músico. Todos os
demais interesses eram vistos pelos pais como distrações para o recreio da
mente do gênio.
O casal Astu Ninan reverenciava a música e queria ver o nome da família
alçado por Cesar ao mais alto pedestal da arte suprema. Em especial a mãe de
Cesar, ela mesma uma pianista de talento, para quem era uma questão de
superação pessoal ver o filho gênio, reconhecido como o mais importante
compositor e instrumentista de todos os tempos. E ela deixava claro que não
aceitaria nada menos.
Victor se preocupava. Tinha confiança na capacidade e na inteligência de
Cesar, mas também sabia da sua profunda dúvida. Sabia-o atormentado sob
o peso de uma expectativa implacável e grande demais.
Quando afinal se aproximou o dia da tão esperada apresentação toda a família
preparou-se para a viagem. Todos iriam se encontrar com Cesar e com a mãe,
que fora na frente para cuidar dos detalhes e apoiar o filho. Victor se flagrou
incapaz para aturar dias ininterruptos no convívio dos sogros, da mulher e
dos cunhados envolvidos por considerações e detalhes detestáveis e arranjou
um pretexto para atrasar a própria ida. Iria depois, encontrar-se-ia com a