Page 278 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
P. 278
Mas Cesar não conseguia reencontrar o mundo dos homens pássaros, por mais
que procurasse.
Perdera também a companhia de Loop e de Mahaoo. Não conseguia mais vê-
los senão como sombras fugidias que se insinuavam por trás da sua própria
sombra alongada nos pisos e nas paredes. Sempre apenas resquícios que se
apagavam no exato momento que ele os percebia se esgueirando dos lugares
em que ele recém chegava e se dissolvendo no instante preciso que sua atenção
era atraída por uma pontinha de cauda ou pelo desenho inconfundível de um
focinho ou de uma orelha peluda. Evaporavam-se para surgir mais uma vez,
de repente, sempre às suas costas, ou no ângulo mínimo da esguelha do seu
olhar, como num jogo de escode esconde.
Sentia-os, percebia-lhes as respirações compassadas de feras inquietas, por
vezes roçava-lhes os lombos macios ou sentia a pontinha de uma língua áspera
a lamber-lhe os dedos em um cumprimento amoroso, mas não conseguia mais,
encontrá-los.
Cesar começou a viver da esperança de revê-los, se alienando conscientemente
do desastre que se avizinhava a Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos com o
fim da paz ameaçando-os à porta.
Vestido apropriadamente para o jantar, segundo a sugestão de León Tiithee,
se encolhia na própria incapacidade de compreender como perdeu o mundo
alado e como voltou para a casa dos Ipês Amarelos sem ter nenhuma
consciência destes feitos.
Com tal perplexidade compreendia também que estavam de alguma forma em
perigo, sentia a inquietação que os rodeava e mesmo o ar sempre bonachão e
sossegado de León Tiithee não conseguia dissipar totalmente a certeza de que
havia alguma coisa profundamente errada acontecendo.
Há menos de vinte e quatro horas se recuperara, mais ou menos, de um
angustiante episódio de alienação paranoica que deixou Isabeau com os