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firmar no imaginário popular ter sido responsabilidade da comunidade Yana.
                      “__Estas pessoas,” diziam eles, “__com sua forma de vida aglomerada, vivendo
                      amontoados,  promíscuos”,  berravam  os  acusadores  em  seus  discursos  e
                      continuavam  espumando  de  indignação,  repetindo  suas  acusações.
                      “__amontoados  como  animais  e  levando  suas  vidas  numa  promiscuidade
                      indecente,  enclausurados  nos  limites  de  Mayuasiri  Pacha,  favorecem  a
                      proliferação e disseminação de bactérias e vírus das mais variadas doenças que
                      acabam se espalhando pelo resto da região. Para dentro das nossas casas e para o
                      meio das nossas famílias. Com seu jeito pecaminoso e sujo de viver,” prosseguiam
                      as vozes enraivecidas, “__um jeito de viver que põem em risco as vidas de todos
                      nós e que sempre foi defendido pelo senhor embaixador, Victor Gatopardo.”


                      Não havia como comprovar o envolvimento de JM.Yana em cada uma destas
                      manifestações que tinha como alvo principal a figura de Victor em paralelo
                      aos anciãos e aos Yana de Dentro, mas a relação das insinuações ao Gatopardo
                      nos  discursos,  nas  declarações  e  nas  entrevistas  de  JM.,  mantidas  com
                      regularidade  terapêutica,  não  deixavam  dúvidas  sobre  a  campanha  de
                      difamação que JM.Yana parecia decidido a levar às últimas consequências.

                      E o envolvimento do Clube Internacional de Havanófilos numa investigação
                      de um crime e receptação e distribuição de drogas que forçosamente remetia
                      aos Yana e à ligação de Victor com o povo Yana, dava ao político um patamar
                      fabuloso para sua atuação teatral.

                      O fato de Victor estar afastado do Clube Internacional de Havanófilos há mais
                      de  vinte  anos  não  parecia  fazer  diferença  quando  eram  relembrados,  à
                      exaustão, o estreito envolvimento dele com a fundação e a perpetuação da
                      instituição apontada durante décadas como o poder dentro do poder na cidade
                      e em toda região de Terra Alta e até do país.


                      Começaram a ser recordadas e recontadas algumas das mais famosas histórias
                      em  que  a  diretoria  do  Clube,  sempre  com  Victor  ocupando  o  cargo  de
                      presidente  executivo,  havia  se  envolvido  em  questões  de  direito,  de
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