Page 360 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Ojan Rajak renascera do seu casulo um ser completamente deformado e com
apenas mais algumas horas de vida.
O clamor horrorizado no coração do povo Res Sas ecoou por vales e
montanhas e transformou o mundo alado num barril de pólvora.
Cresceu a desconfiança dos Livres contra todo o bom senso que, se
prevalecesse, faria valer a evidência de que embora Ojan Rajak tivesse
renascido do seu ciclo Samay um ser doente e deformado deveria ser em
decorrência de algum problema que nada tinha a ver com a seiva Aska que
lhe fora servida, uma vez que todas as outras crianças que haviam vivido o
Samay nos casulos da mesma caverna haviam renascido perfeitas. Mas o
medo e a desconfiança eram tão grandes que não havia espaço para o bom
senso.
Mesmo entre alguns dos Mantos mais fiéis aos milenares costumes Res Sas, e
mesmo entre aqueles em que estava mais arraigada a certeza de que os Mantos
eram por direito divino os donos do poder e, por esse motivo, eram os únicos
fisicamente capazes de atingir às alturas do topo do mundo e cultivar a
Ninassinanuna e preparar a Aska, começaram a aparecer dúvidas.
Começaram a questionar a sabedoria ancestral.
Os revoltosos, pouco mais de quarenta por cento dos indivíduos Livres, mas
que contavam com apoio dos poucos Mantos simpatizantes do Conselheiro
Shanu Ori, caído em desgraça, uniram-se aos Livres em sua revolta, pegaram
em armas e partiram para o ataque.
O império Res Sas explodiu em violência.
Numa conversa com Nuna Sapaki, um aturdido Cesar Ninan ouviria que a
guerra era, afinal de contas, a única opção possível naquela situação, a
oferecer um mínimo de alívio a todos os envolvidos.