Page 93 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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com maior ou menor incidência em cada indivíduo e contribuindo para o
falatório local e para o povo se referir a um e outro dentre eles como um
representante mais ou menos identificado com o que se convencionou chamar
o tipo Astu Ninan.
Já eram poucos ao tempo da nossa história, todos pertencentes a uma mesma
linhagem e distribuídos pelas terras e pelos altiplanos andinos. Mas o
patriarca Astu Ninan, o detentor da maior parte da riqueza da família, vivia
com seu núcleo familiar no coração da cidade de Terra Alta e fazia parte da
mais elevada e importante faixa da aristocracia local.
Por aquela época, a bela mansão com suas linhas clássicas de arquitetura
romana, a poucos metros na mesma rua em que ficava o casarão Gatopardo,
abrigava a família do patriarca Astu Ninan constituída de cinco pessoas.
O casal, formado por primos entre si como era da tradição da família quando
se tratava da união de um primogênito e seus três filhos e todos autênticos
representantes do tipo Astu Ninan, com belas cabeleiras louras em que se
destacavam mechas brilhantemente acobreadas e os traços finos, mas com
inegáveis rasgos nativos.
A única menina, a filha do meio, era precisamente quem o general pretendia
para casar-se com o irmão de Victor.
E Victor, sobre esse assunto, surpreendeu-se consigo próprio por sentir um
interesse sincero em conhecê-los, fato raro, porque normalmente ele não se
interessava em conhecer quem quer que fosse.
Na verdade, se tratava de um reconhecimento porque ao tempo em que Victor
era criança e seus pais ainda viviam e frequentavam as famílias tradicionais,
sendo recebidos para diversas ocasiões e recebendo a todos em retribuição no
Casarão Gatopardo, havia existido uma relação de amizade bastante estreita
com os Astu Ninan. Então embora não tivesse uma memória muito clara
deste convívio, era certo que Victor já estivera com eles.