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e se acomodam a ela com docilidade e utilidade; vêem que no mundo, se
       podemos encontrar matéria para nos instruirmos, não podemos encontrar a
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       felicidade e acabam por dizer com Petrarca : "altro diletto, che'mparar,
       non provo" (outro dileto, que aprender não tento). Desse modo, pode
       mesmo acontecer que seus desejos e suas aspirações, por assim dizer, só
       sigam ainda a aparência e divertindo-se, mas no fundo eles próprios só
       fazem esperar um ensinamento; é o que lhes dá então uma aparência
       contemplativa, genial, sublime" (Parerga, 1, 394; compará-los com os
       socráticos e com sua caça à felicidade!).


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              É uma bela verdade que, para que a melhoria e o conhecimento se
       tornem o objetivo da vida, todas as coisas servem. Mas só é verdade com
       restrições: um aspirante ao conhecimento obrigado ao trabalho mais
       desgastante, um homem em vias de se aprimorar enervado e alterado por
       doenças! Em tudo, isso pode ser admitido: a premeditação aparente do
       destino reside no fato de que o indivíduo que põe em ordem sua vida e
       extrai uma lição de todas as coisas aspira ao conhecimento como a abelha
       ao mel. Mas o destino que se abate sobre um povo atinge uma totalidade
       que não pode refletir sobre sua vida dessa maneira e compreendê-la em sua
       finalidade; assim a premeditação nos povos é uma trapaça devida a
       cérebros sutis; nada é mais fácil do que mostrar a não-premeditação, por
       exemplo, no caso de um campo que, em plena floração, é subitamente
       atingido por uma nevasca e tudo morre. Há nisso tanta estupidez como na
       natureza. Até certo ponto cada povo, mesmo nas circunstâncias mais
       desfavoráveis, vai até o fim de uma realização que corresponde a suas
       aptidões. Mas para que possa realizar aquilo de que é capaz é necessário
       que certos acidentes não aconteçam. Os gregos não realizaram tudo aquilo
       de que eram capazes. Mesmo os atenienses teriam ido mais longe sem o
       furor político depois das guerras contra os persas: que se pense em Esquilo
       que saiu de uma época anterior a essas guerras e que estava descontente
       com os atenienses de seu tempo.

              Considerando-se o estado desfavorável das cidades gregas depois
       das guerras persas, certo número de condições propícias ao nascimento e



              75  Francesco Petrarca (1304-1374), poeta e humanista italiano; deixou várias obras de cunho histórico,
              filosófico e poético (NT).
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