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supõe que o mundo existe há pouco: não pode ter custado muito tempo ao
criador, pensa.
Por isso julga ter explicado alguma coisa com a palavra "instinto" e
reporta de bom grado as ações à finalidade inconsciente no devir original
das coisas.
O tempo, o espaço e o sentido da causalidade parecem ter sido
dados com a primeira sensação.
O homem conhece o mundo na medida em que se conhece: sua
profundidade se desvenda a ele à medida que se espanta de si mesmo e de
sua complexidade.
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É tão racional tomar como base do mundo as necessidades morais,
artísticas, religiosas do homem como as necessidades mecânicas: não
conhecemos nem o choque nem o peso. (?)
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Não conhecemos a essência verdadeira de nenhuma causalidade
particular. Ceticismo absoluto: necessidade da arte e da ilusão. Deve-se
talvez explicar o peso pelo movimento do éter que gira em torno de uma
imensa constelação com todo o sistema solar.
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Não se pode demonstrar nem o sentido metafísico nem o sentido
ético nem o sentido estético da existência.
A ordem universal, o resultado mais penoso e mais lento de
terríveis evoluções, concebida como a essência do universo — Heráclito!
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