Page 30 - O Cavaleiro da Dinamarca
P. 30
mar para a Dinamarca.
— Estamos em novembro — respondeu o Flamengo —, o frio aumenta
todos os dias e está anunciado um Inverno rigoroso. Creio que não acharás
tão cedo um navio que te leve à tua terra. Com medo dos gelos e dos
temporais ninguém agora se arriscará a viajar para o Norte.
Esta notícia deixou o Cavaleiro consternado. Primeiro não se quis
conformar, e durante três dias percorreu a cidade de Antuérpia. Falou com
capitães e armadores, mas a resposta foi sempre a mesma.
— Nesta época do ano e com Inverno tão rigoroso não há navio nenhum
que se atreva a navegar para o Norte.
Na noite do terceiro dia, depois do jantar, quando se sentaram os dois
ao lado da lareira, o negociante serviu vinho ao seu hóspede e disse-lhe:
— Tenho uma proposta a fazer-te. Vejo que gostas de viagens e
aventuras e eu preciso de homens dispostos a correr o mundo. Pois os meus
negócios todos os dias aumentam e procuro associados que me possam
ajudar. Chegou o tempo das navegações, começou uma era nova e os
homens capazes de empreendimento podem agora ganhar fortunas
fabulosas. Associa-te comigo. Viajarás nos meus navios. E talvez mesmo
um dia possas navegar para o Sul, para as novas terras, nas caravelas dos
portugueses.
Mas o Cavaleiro sacudiu a cabeça e respondeu:
— As histórias dos mares, das ilhas, dos povos desconhecidos e dos
países distantes são maravilhosas e enchem-me de espanto. Mas prometi
chegar este Natal à minha casa. Farei a viagem por terra e partirei amanhã.
— Vai ser uma viagem dura — disse o Flamengo —.