Page 24 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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«Fogem os Mouros em tropel.
«Miralmumini, o grande chefe, fica morto no campo...
«Foi esta a última vitória de D. Afonso Henriques. Morreu pouco depois.
«Choraram-no os homens, as mulheres, a gente toda de Portugal. E até a
terra da Pátria pareceu também chorar por ele, na voz lamentosa dos rios,
nos ecos dos altos promontórios, e no fluir e refluir das searas ao vento... E
a sua fama correu mundo, tão altas proezas praticara o primeiro Rei dos
Portugueses...
«Outros reis fortes lhe sucedem, cobrindo-se de glória na conquista da terra
lusitana aos Mouros.
«Até que chega o reinado de D. Dinis, que — liberto Portugal inteiro do jugo
árabe — pôde mandar edificar cidades e castelos, fundar escolas célebres,
como a Universidade de Coimbra, cultivar as Letras, as Artes e as Ciências
na sua corte, semear a terra, plantar pinhais, e ensinar aos nossos o valor e
a vantagem do saber.
«Foi seu filho, Afonso IV, um Rei valente entre os mais valentes. Estava-lhe
reservado o destino de, como os seus antepassados, se defrontar ainda com
os Mouros e vencê-los outra vez...
«É que estes, novamente temerários, invadiram Castela.
«Era o Rei de Castela casado com a Princesa Maria, filha queridíssima de D.
Afonso IV.
«Quando viu o marido em perigo de perder os seus domínios — muitos e
atrevidos eram os Mouros que tentavam roubar-lhos — procura o Pai,
chorosa, e pede-lhe auxílio.
«Não eram os Portugueses grandes amigos de Castela, já se sabe. Mas eram
muito mais inimigos dos Mouros...