Page 29 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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«Eu só, com os meus vassalos e com esta espada, defenderei do inimigo a
terra que nunca ninguém subjugou. E não só destes inimigos de hoje, mas
de todos aqueles que vierem ainda, contrários à nossa Pátria e ao nosso
Rei...
«As palavras de Nun’Álvares, tão cheias de patriotismo e ardor, fazem
chorar de vergonha os fidalgos medrosos. Não querendo nenhum deles
passar por cobarde, e compreendendo então os perigos que ameaçavam
Portugal, seguiram todos Nun’Álvares.
«O povo, esse, sempre pronto a lutar pela Pátria, já preparava e limpava as
armas para a batalha.
«D. João reúne os seus soldados em Abrantes e de lá sai, com Nun’Álvares
e Antão Vaz de Almada. Em Aljubarrota encontram o exército comandado
pelo Rei de Castela.
«Soa a trombeta castelhana, dando o sinal de batalha. Som horrendo que
parece correr do Norte ao Sul de Portugal, de vale em vale, de serra em
serra.
«As mães, aflitas, apertam os filhinhos ao peito, e rostos há que mudam de
cor.
«Trava-se a luta entre Espanhóis e Portugueses, com fúria imensa de parte
a parte.
«Tiros e setas voam pelo ar.
«Treme a terra debaixo das patas dos cavalos.
«Numerosíssimos, os inimigos crescem sobre a gente de Nun’Álvares e
entre eles está — coisa feia — o próprio irmão do futuro Condestável!
«Mas D. João, gritando aos seus soldados que defendessem a sua terra
ameaçada, pois a liberdade da Pátria dependia da coragem dos seus
guerreiros; D. João, vendo em risco os homens de Nun’Álvares — precipita-