Page 211 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Fecha a porta. Já faz dois meses que ela tem a chave do apartamento de
Clay. Ele deixou as chaves jogadas em seu apartamento da Cozinha do
Inferno e ela tirou a impressão no sabão, pensando em entrar escondida no
lugar para roubar alguma coisa, coisas que pudesse vender.
Mas não entrou. Ela decidiu guardar a chave e usá-la moderadamente. Ah,
ela roubou coisas dele – mas coisas pequenas. Um relógio. Algum dinheiro
que ele largou por aí. Só isso. Porém, Sally gosta de rearranjar as coisas de
Clay – apenas para mexer com a cabeça dele. Uma vez colocou o cinzeiro
que fica perto da cama na geladeira e uma caixa de leite na gaveta de sua
escrivaninha. Depois das visitas, ele sempre parecia agitado. Olhando por
sobre os ombros. E Sally precisava de todo seu autocontrole para não
irromper em gargalhadas na frente dele.
Mas esta noite não faria nada disso. Esta noite o assunto é sério.
Esta noite ela está planejando o futuro.
Ela sabe que Clay tem dois celulares: um para suas coisas pessoais, e
outro para os negócios. Ela também sabe que, quando não está usando o
celular de negócios, ele o deixa na escrivaninha.
Como hoje.
Sally abre a gaveta e encontra o celular. É um Nokia antigo. Do tipo que
você pode jogar do avião e ainda vai funcionar. Ela senta na cadeira e
respira fundo algumas vezes, acalmando os nervos. E então ela abre a
agenda do telefone e procura um nome.
Larks.
Ela já viu Larks por aí, falando com Clay. O homem lhe dá arrepios, mas
Sally sabe que ele tem uma linha direta com o chefão. O Rei do Crime. Ela
hesita, o dedo pairando sobre o botão de ligar. Uma vez que ela fizer isso,
não há mais volta. Sua vida vai mudar completamente. A sua e a de Sylvio.
E o negócio é que ela não sabe se vai mudar para melhor ou para pior.
Mas o que vai ganhar se não fizer nada? Pode se arriscar, apostar em suas
ações, ou não fazer nada e viver na rua o resto da vida. Uma vida que
provavelmente será incrivelmente curta.
Ela não quer morrer congelada. Tem algo a oferecer. Não sabe exatamente
o que é, mas sabe que tem algo dentro de si. Há uma voz que lhe diz que ela