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Além do medo, da insegurança e das incertezas, outro proble-
ma enfrentado pela equipe de batalha é justamente a falta de recur-
sos humanos. A fisioterapeuta Kelly Sucupira, 36, trabalhava seis
horas por dia, cinco vezes por semana, antes da covid. Agora, essa
carga horária tem dobrado com frequência, o que faz com que ela
trabalhe por mais tempo e realize o serviço de mais gente. “Estamos
com um déficit de profissionais afastados por estarem no grupo de
risco ou por possuírem atestados”, explica.
Kelly também atenta para a agonia ao falar sobre o contro-
le da utilização de equipamentos necessários para a recuperação dos
pacientes. “Cada telefonema da regulação de leitos querendo saber
quantos ventiladores mecânicos estão em uso e quantos outros ainda
temos disponíveis é desesperador. Saber que vidas estão sendo conta-
das realmente é viver em uma realidade jamais imaginada”, confessa.
A perda de pacientes e de colegas de trabalho é um dos mo-
mentos de maior sofrimento. Para evitar o risco de contaminação,
somente uma pessoa pode entrar no necrotério e fazer o reconheci-
mento do corpo – atualmente através de um vidro. “Uma sala vazia
com uma única cadeira. Ali você vai se despedir do seu ente queri-
do, sem poder tocá-lo, sem poder se aproximar dele. É uma profun-
da solidão”, explana a fisioterapeuta.
Lidar com as questões psicológicas é a parte mais difícil para Fernanda Kelly aponta a falta de recursos humanos como um dos desafios enfrentados
durante a pandemia
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