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Comportamento Teve que se aposentar. Foi nesse período que assumiu a
‘pamaternidade'. Luciana e Gabriela receberam desde
de muito cedo os cuidados do pai que cozinhava, dava
banho, levava ao médico, entre outros, enquanto a mãe
trabalhava fora.
Augusta relata: “Em casa eu era praticamente
visita. Ele me ajudou muito. Eu não posso reclamar.
Tem coisas que até hoje elas gostam que ele faça. Isso
nunca foi um empecilho para nós dois”. Ela relembra
que recebeu algumas críticas. “Se não são umas críticas
construtivas, a gente tem que deixar passar”.
Para Mário não houve nenhum problema.
Tranquilo, fala que cuidar das filhas é extremamente
normal. “Ninguém nunca me criticou. Só se foi
escondido”. Contudo, diante de situações que não
conseguia resolver sozinho, ele corria para o trabalho
Mário Augusto Matos com as pequenas Luciana e Gabriela
dela a fim de buscar ajuda. “Na hora que precisava ia
atrás dela”, sorri.
A filha Luciana Alice Rodrigues de Matos me acordava era ele e quem colocava comida no prato
admite que sentiu a falta da mãe. “Éramos muito era ele. Às vezes, a minha mãe nos levava para o
pequenas e não entendíamos porque era ele quem ficava trabalho, mas ele sempre foi mais presente. Tudo era ele.
em casa”, se emocionou. Começou a entender a Até as broncas. Ela ficava fora”.
inversão de papeis dos pais aos nove anos. “Ela cuidava As filhas foram muito bem educadas. São
do jeito dela. A gente ficava muito na escola que ela graduadas e especializadas. A família continua unida.
trabalhava também”. Mário continua cozinhando. Não só a filhas, mas a
Já Gabriela Rodrigues de Mattos ama a comida maioria da família prefere que ele vá para a cozinha.
do pai, motivo de risos entre a família. “Ela nunca serviu Recentemente a residência passou por uma reforma.
ELES FICAM EM CASA de base para isso. Ele sempre cuidou e cozinhou para a Hoje, Mário tem uma cozinha exclusiva para suas
experiências culinárias. Mário e Augusta já são avós.
gente. Ele sempre esteve com a gente. Eu não tenho
lembranças da minha mãe cuidando de mim doente. Um
imposições sociais não superam o amor.
banho quando a gente estava com febre era ele, quem Uma família feliz que pode ser a prova de que as
ELAS VÃO TRABALHAR
Augusta e Mário Augusto Matos
com as filhas Luciana e Gabriela
* Da redação – Izabel Durynek
s mulheres lentamente avançam no representam um em cada cinco pais americanos. No
mercado de trabalho. Baseado em Brasil, ver o pai varrendo ou pilotando um fogão
informações da Pesquisa Nacional por também já não parece estranho para muitas crianças.
AAmostra de Domicílios (Pnad), o Instituto Segundo dados do IBGE, uma em cada quatro casas já é
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou sustentada pela mulher. Muito desse quadro se deve ao
que em 40,5% das mulheres são 'arrimo' de família. Ou fato de a esposa ter um emprego melhor e inverter a
seja, são elas que sustentam os lares. relação de dona do lar com o marido.
Conforme estudo publicado no jornal The New Esses dados são recentes. Mas, a inversão de
York Times, o número de pais que ficam em casa papeis já existe há muito mais tempo. É o caso de
cuidando dos filhos já passou de meio milhão nos Augusta Menezes Rodrigues de Mattos de 64 anos e
Estados Unidos. Eles estão divididos em dois grupos Mário Augusto Ferreira Mattos com 67 anos. Augusta é
distintos: o primeiro de homens que não optaram por educadora. Sempre trabalhou muito. Ainda na década de
esta vida, mas ficam em casa por estarem 80, por causa da quantidade de funções assumidas como
desempregados ou afastados do trabalho. E no outro, diretora de escola, trabalhou praticamente o tempo todo
estão aqueles que escolheram esse estilo de vida, que já em três períodos. Mário teve um problema na coluna.
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