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DOSSIÊ
Para Standing, estamos experimentando uma re-
volução nas formas de trabalho que inviabiliza a regulação
anterior para proteger os trabalhadores. O tipo de trabalho
que cresce mais rapidamente é o que ele chama de trabalho
em multidão, realizado pelos responsáveis pelas tarefas (taske-
rs), que fazem parte do precariado e realizam atividades sem
direitos trabalhistas, estabilidade ou garantia de renda. Os
taskers trabalham por meio do que seriam intermediários (la-
bour brokers), a exemplo de novas empresas como a Uber. Para
Standing, por não possuírem juridicamente os instrumentos
de trabalho ou os meios de produção, essas empresas são ren-
tistas. Segundo o autor, os taskers
Não são empregados, pois não são diretamente
supervisionados, possuem os principais meios de
produção e, em princípio, têm controle sobre o
tempo de trabalho. [...] Eles também não são au-
tônomos, pois dependem dos intermediários para
acessar os aplicativos. Mas eles têm de suportar a
maioria dos riscos, acidentes, problemas de saúde,
reparos e manutenção. Eles fazem parte do núcleo
do precariado (STANDING, 2016, tradução nossa).
Standing afirma que as características do antigo sis-
tema de regulação do trabalho são inadequadas para a rea-
lidade atual, defendendo uma renda básica universal como
política pública para o precariado.
Nos últimos anos, esse novo adeus à classe trabalha-
dora se radicalizou com a disseminação dos chamados “apli-
cativos” e “plataformas”, que não apenas negam a natureza
assalariada da relação entre empresa e trabalhadores, mas
rejeitam o próprio caráter laboral da relação, imputando aos
Revista Princípios nº 159 JUL.–OUT./2020 classe trabalhadora, visão que considera irreversível o declí-
trabalhadores a condição de clientes das empresas, como ve-
remos à frente.
Portanto, o que estamos chamando de novo adeus à
nio do emprego assalariado e que o direito do trabalho não é
uma solução para o contexto atual, parece reunir muitas pers-
pectivas ideológicas diferentes. Essa narrativa tem tido gran-
de impacto entre trabalhadores e instituições de regulação. O
novo adeus à classe trabalhadora.
18 presente texto busca analisar a consistência empírica desse