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ESPECIAL BICENTENÁRIO 2022
1822

O movimento rebelde
paulistano também Reprodução: Memorial da Democracia

contou com apoios
em setores estudantis,
operários e populares,

com a organização de
vários agrupamentos

de apoio político e
material

o efeito de dividir a classe dominan-
te, que não se mostrou homogênea. LEVANTE DE SÃO PAULO
[...] Para as classes produtoras, repre-
sentava a desordem, uma ameaça de vas possíveis, entre elas a permanência da que não simultânea, com o levante
destruição material, como demons- na cidade e a reorganização do movi- paulista. No dia 29 de julho, os rebeldes
trou a Associação Comercial, inter- mento em Campinas, os rebeldes, le- gaúchos ocuparam várias cidades, tendo
mediadora do conflito e que desde o vando em consideração suas pretensões o tenente Antônio de Siqueira Campos,
início posicionou-se em favor do go- nacionais, resolveram fugir, partindo sobrevivente da Marcha dos Dezoito
verno. Para a Liga Nacionalista, for- de trem na madrugada de 28 de julho, do Forte, e capitão Luís Carlos Prestes
mada pela alta classe, o tenentismo passando por Campinas, em direção a liderando essas ações. Com as batalhas
representava a “rebeldia de alguns Bauru, constituindo a Coluna Paulista, ocorridas nessa região, a necessidade de
soldados brasileiros [...]”. (LANNA que abrigou também a denominada fuga para Foz do Iguaçu marca o início
JÚNIOR, 2013, pp. 322-323). Coluna da Morte, que era a retaguarda da denominada Coluna Prestes, que
da coluna principal. Em seguida, com a “[...] consistia em uma maioria de civis
O movimento rebelde paulistano liderança de Isidoro Dias Lopes e Jua- comandados por uma minoria de mili-
também contou com apoios em setores rez Távora decidiram atacar a cidade de tares”. (LANNA JÚNIOR, 2013, p. 329).
estudantis, operários e populares, com Três Lagoas (MS), onde se localizavam Com as experiências de derrotas an-
a organização de vários agrupamentos as tropas legalistas. Os rebeldes foram teriores, a guerra aberta seria substituí-
de apoio político e material. Em outras derrotados e partiram para Foz do Igua- da pela guerrilha, o que permitiu que
localidades do país, as tentativas de re- çu (PR), encontrando as tropas gaúchas a coluna gaúcha marchasse em direção
belião foram rapidamente sufocadas, lideradas por Luís Carlos Prestes, epi- aos paulistas, em março de 1925. Na-
com exceção de Manaus que, com ca- sódio que marcaria o início da Coluna quele momento, com a junção das tro-
racterística mais popular, foi controla- Miguel Costa- Prestes. pas, havia duas alternativas: encerrar as
da pelos rebeldes durante um mês na batalhas militares ou iniciar uma nova
conhecida Comuna de Manaus. Mas, A Coluna Prestes fase. Para o general Isidoro Dias Lopes
o apoio de setores da elite política não não havia possibilidades de avanço no
ocorreu como esperado. A revolução Se não houve uma coordenação si- campo militar, enquanto para Prestes,
que pretendiam não era popular, seria multânea entre as diversas sublevações Juarez Távora, Miguel Costa, Djalma
uma revolução pelo alto. em variadas localidades do Brasil, no Rio Dutra e Oswaldo Cordeiro de Farias o
Após discutirem sobre as alternati- Grande do Sul havia uma conexão, ain- confronto militar continuaria. Esta úl-

112 ESQUERDA PETISTA #11 - Setembro 2020