Page 24 - Revista FRONTAL - Edição 50
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DIFERENCIAL


        A NUTRIÇÃO NÃO É DE




        AGORA...






        AUTORES
            CATARINA CHAMBEL
            INÊS TEIXEIRA DUARTE

           É indiscutível o valor da Nutrição na prevenção, estudo e tratamento de patologias. Apesar de ser considerada uma ciência
        recente, o impacto que tem na saúde humana não o é.
           Aliás, é cada vez mais vasta a evidência de como a alimentação nos influenciou ao longo da História. É o caso do escorbuto
        que, no século XVIII, afetou alguns marinheiros. Tal situação inquietou o responsável pela saúde dos indivíduos a bordo, James
        Lind. Este desenvolveu uma experiência, testando o efeito do limão no tratamento da doença. Duzentos anos depois, isolou-se
        a vitamina C, cujo défice induz esta patologia1. Desde então, estuda-se a Nutrição como causa de doença, mas também como
        possível abordagem terapêutica. São exemplos atuais a Diabetes mellitus tipo 2 e a doença celíaca.
           Conhecem-se, desde a Pré-história até à atualidade, diversos casos que demonstram, de forma evidente, o impacto contínuo
        da Nutrição na saúde humana - e que estão explicitados no presente artigo.




        PRÉ-HISTÓRIA
           O impacto da Nutrição no Homem come-
        çou desde cedo! De facto, populações cujas
        dietas eram mais ricas em amido apresenta-
        vam um maior pool de genes codificantes
        para a enzima amilase. Assim, acabaram por
        ter uma vantagem evolutiva quando migraram
        das florestas para as savanas, onde a disponi-
        bilidade alimentar era particularmente rica em
        amido (raízes, tubérculos).









                                                                                IDADE ANTIGA
                        TOSCÂNIA
                        T O SC  Â N I A                                           A dieta sem glúten não é de agora… Já na
                                                                                Tuscania, há 2 mil anos atrás, havia quem so-
                                                                                fresse de doença celíaca. Análises realizadas
                                                                                ao DNA de uma mulher dessa época revela-
                                                                                ram uma homozigotia de um gene necessário
                                                                                ao desenvolvimento de doença celíaca. E, de
                                                                                facto, os seus restos mortais apresentavam si-
                                                                                nais de subnutrição e osteoporose, apontando
                                                                                para esse diagnóstico.






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