Page 25 - Revista FRONTAL - Edição 50
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DIFERENCIAL



        IDADE MODERNA

           A Revolução Industrial caracterizou-se
        pela introdução crescente de produtos pro-
        cessados industrialmente. No entanto, esta
        produção não foi suficiente para sustentar a
        corrente de êxodo rural que se verificou. A
        monotonia alimentar e a falta de alimentos
        levaram a carências nutricionais, ressurgindo
        doenças como o raquitismo e o escorbuto. Pa-
        ralelamente, o avanço tecnológico permitiu, a
        longo prazo, que a esperança média de vida
        aumentasse bastante e, com ela, a propensão
        para desenvolvermos doenças crónicas, como
        cancro, obesidade e artrite.



                                            IDADE CONTEMPORÂNEA
                                               Entre os anos 70 e os anos 80, muitos japoneses migraram para os Estados Unidos da América,
                                            passando a adotar um estilo de vida mais ocidental. Segundo um estudo realizado pela American
                                            Association for Cancer Research, verificou-se um aumento das taxas de incidência de cancro color-
                                            retal, dos ovários e da mama nessa população japonesa. Assim, os autores sugerem uma associação
                                            entre este aumento e a ocidentalização da dieta. No presente, em ambos os países em análise, as
                                            taxas relativas a estas patologias têm vindo a aproximar-se, particularmente devido às mudanças de
                                            hábitos alimentares no Japão.
                                               Desde então, tem-se investigado cada vez mais na área da Nutrição. Recentemente, sentiu-se
                                            a necessidade de criar dois novos campos de estudo: a nutrigenómica, que estuda a influência da
                                            dieta no genoma; e a nutrigenética, que analisa a influência do genótipo na resposta a estímulos
                                            nutricionais. Uma revisão do Canadian Journal of Physiology and Pharmacology deu a conhecer
                                            mais de 50 SNP’s (Single Nucleotide Polymorphisms), que são modulados por fatores da dieta e
                                            condicionam certas condições patológicas. É o exemplo do SNP ADA G22A, em que os indivíduos
                                            homozigóticos para ADA (AA) ou heterozigóticos (AG), ao consumirem cafeína, apresentaram maior
                                            eficiência do sono e mais sono REM, comparativamente aos homozigóticos G22A (GG). No entanto,
                                            não se observaram diferenças entre participantes que não consumiram cafeína. Isto reflete que, em
                                            certos casos, a expressão genética pode ser influenciada por aquilo que consumimos.
                                               Já em 2018, a World Cancer Research Fund compilou mais de sete mil publicações que as-
                                            sociam dieta, nutrição e risco de cancro, apresentando as conclusões num gráfico sucinto, mas
                                            bastante esclarecedor (wcrf.org/matrix). Um dos resultados da revisão da literatura científica em
                                            análise mostra que a fruta é o componente da dieta mais associado à redução do risco da
                                            maioria dos tipos de cancro. Adicionalmente, concluiu-se que entre  /3 a  /4 dos cancros po-
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                                            dem ser prevenidos através de mudanças no estilo de vida, incluindo a dieta.

                                               Apesar das dificuldades inerentes à investigação em Nutrição, torna-se fulcral que se continue
                                            a desenvolver esta área. Desde os estudos arqueológicos até aos novos conhecimentos genéticos,
                                            é evidente o impacto transversal da alimentação na saúde do Homem. Como tal, importa aprender
                                            com a História e desenvolver o atual conhecimento, de modo a potenciar os nossos futuros hábitos.
                                            Teremos sempre que comer — mais vale fazê-lo bem!



                  ... NEM FICARÁ POR AQUI!







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