Page 69 - ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL APRENDER A SER E ESCOLHER - EDNEIA APARECIDA BATISTA
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Além disso, o cotidiano dos jovens brasileiros, inclusive dos estudantes,

             não  deixa  dúvidas  sobre  a  forte  presença  da  juventude  no  mundo  do                         69
             trabalho.  Embora  os  indicadores  nacionais  indiquem  uma  crescente

             diminuição  do  número  de  moças  e  rapazes  com  idade  entre  15  e  17
             anos que conciliam estudo e trabalho em suas vidas, o trabalho, em suas

             diferentes  formas,  ainda  persiste  como  realidade  para  parcela

             considerável  dos  estudantes  de  Ensino  Médio  do  país:  em  2011,  6,3
             milhões  de  jovens  dessa  faixa  etária  apenas  estudavam;  2,4  milhões

             conciliavam  estudo  e  trabalho  ou  a  busca  por  trabalho;  e  550  mil

             realizavam atividades domésticas (Sposito e Souza, 2013).



             É  evidente  que  os  jovens  oriundos  de  famílias  da  classe  trabalhadora

             ingressam  mais  cedo  no  mercado  de  trabalho,  bem  como  se  ocupam
             mais do trabalho doméstico (especialmente as mulheres jovens). Essas

             experiências podem se iniciar inclusive antes mesmo da idade legal para

             o  exercício  de  atividades  profissionais  ou  sem  concluir  a  escolaridade
             básica.  Os  motivos  desse  ingresso  mais  precoce  estão  fortemente

             relacionados  às  suas  condições  socioeconômicas  e  à  necessidade  de,
             desde  cedo,  “ajudar”  no  orçamento  e  prover  a  subsistência  de  suas                            Orientação Profissional: aprendendo a SER e a ESCOLHER

             famílias.  No  entanto,  a  busca  e  o  interesse  de  moças  e  rapazes  pelo

             trabalho  também  estão  associados  àquilo  que  ele  possibilita:
             oportunidades  de  aprendizado  e  de  conhecer  novas  pessoas,  maior

             autonomia  econômica,  acesso  ao  lazer  e  à  cultura,  consumo  de  novas
             tecnologias  (especialmente  celulares  e  computadores),  mobilidade  e

             circulação pela cidade etc.



             TRABALHOS PRECÁRIOS E DESEMPREGO JUVENIL


             A  discussão  sobre  a  relação  dos  jovens  com  o  mundo  do  trabalho,

             muitas  vezes,  acaba  ficando  circunscrita  às  questões  relacionadas  à
             inserção deles e, mais especificamente, ao tema do primeiro emprego.

             No  entanto,  esta  está  longe  de  ser  a  única  faceta  dos  dilemas  da
             juventude  brasileira  quando  o  assunto  é  trabalho.  Uma  série  de

             pesquisas  tem,  por  exemplo,  chamado  atenção  para  a  qualidade  dos

             trabalhos disponíveis para os jovens em nosso país, ou melhor, para a
             falta de qualidade desses postos.
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