Page 70 - ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL APRENDER A SER E ESCOLHER - EDNEIA APARECIDA BATISTA
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70 Nos grandes centros urbanos, por exemplo, o telemarketing tem se
convertido num espaço privilegiado de acesso de jovens às suas
primeiras ocupações remuneradas. Em 2012, segundo estimativa do
Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e
Conexos (Sintelmark), o setor empregava 1,4 milhão de trabalhadores no
Brasil e, a grosso modo, era formado por mulheres jovens, no seu
primeiro emprego e com Ensino Médio completo, cursado em escolas
públicas. Uma das características do setor, segundo o próprio Sindicato,
consiste na alta rotatividade de seus trabalhadores, que gira em torno
dos 7% ao mês, ou seja, quem ingressa no telemarketing permanece
nele, na maioria dos casos, por pouco tempo. Mas como explicar esse
entra e sai?
Orientação Profissional: aprendendo a SER e a ESCOLHER
Estudo realizado junto a jovens trabalhadores do setor apontam alguns
motivos: a) baixa remuneração; b) pressão por produtividade e
cumprimento de metas, ações que acabavam convertendo as centrais de
atendimento em espaços de cobrança exacerbada e exposição dos
jovens a situações de assédio moral; c) falta de perspectivas de
mobilidade profissional. Doenças psicossomáticas e outras relacionadas
ao esforço repetitivo - decorrentes do uso excessivo de computadores e
do cumprimento de horas extras, para completar a renda ou cumprir
metas – também foram indicados como responsáveis pela alta
rotatividade de mão de obra do setor (Corrochano e Nascimento, 2007).
Além de enfrentarem condições de trabalho precárias, os jovens sofrem
mais com o desemprego. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra
Domiciliar (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2009, enquanto a taxa total de desemprego
(referente aos trabalhadores de 16 a 64 anos de idade) era de 8,4%,
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entre os jovens de 15 a 24 anos, essa cifra alcançava 17,8%. Em outras
palavras, os índices de desemprego juvenil eram, no ano de referência,
[25] A Constituição Federal de 1988 proibia qualquer trabalho aos menores de 14 anos, salvo a condição de
aprendiz. Esse limite de idade foi modificado pela Emenda Constitucional nº 20 de 1998, elevando a idade
mínima para 16 anos e permitindo aprendizes com idade entre 14 e 16 anos.