Page 12 - Relatos de uma Quarentena

pátios, quadras, refetórios e cozinhas Dias difíceis, que logo passarão!
Tão vazios, tão tristes, tão escuros, tão som-
brios
Naquele momento não podia me deprimir,
tinha que achar um jeito do sonho se tornar
real,
Surge ai, uma inspiração, produzir um vídeo
para que todos vissem e sentissem
O que eu estava sentindo...
Como aqueles espaços se tornaram tão
insignificantes, sem sentido, sem vida, sem
brilho, sem a presença das pessoas
Gestores, Professores, Funcionários, Famí-
lias e nossos queridos alunos.
A pandemia causou esse isolamento cruel e
longo
Mas, havia muitas histórias ali, que tal qual
se passou no sonho, precisavam ser conta-
das ou recontadas
Os momentos inesquecíveis registrados por
todos precisavam ser revisitados e aquele
era o “momento”.
Então com tamanha sede de reencontro me
pus a coletar o material e planejar o roteiro
para a produçaõ do filme
Nele precisava aparecer todos os rostos dos
atores e atrizes com seus sorrios desmasca-
rados,
Suavemente, como em efeito de slow motion
para que todos se reencontrassem ali
E relembrassem os velhos tempos... Ao som
de um canto que caísse dos céus.
Pronto, filme pronto, só faltava, não falta
mais, encontrar o caminho para fazê-lo che-
gar as pessoas queridas da grande Equipe
- Família - José Francisco Cavalcante EMEF
Essa é uma história real, mas poderia ser
apenas um sonho.
Iraldete Batista
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tensão para todos nós, e de muitas dúvidas também, pois não sabíamos quanto tempo dura-
Ao encerrar 2019, que foi um ano di-
fícil, não imaginava o que nos esperava em
2020. Ainda na virada do ano, fiz muitos pla-
nos tanto na minha vida pessoal, quanto pro-
fissional. Mas, jamais pensei que o principal
“plano” para 2020 seria nos manter vivos,
com saúde física e mental.
Ao acompanhar em todos os noticiários a
respeito dessa nova doença, tinha muito
medo que chegasse aqui, como o país lida-
ria com ela, e principalmente, como as pes-
soas poderiam se proteger e proteger quem
mais amam.
Ficava estarrecida com a quantida-
de de infectados e mortos em outros países
e isso foi me deixando cada vez com mais
medo, e rezando para que isso passasse o
mais rápido possível. Mesmo sabendo da
gravidade da situação, só me dei conta de
que realmente dias muito difíceis estavam
por vir com o anúncio feito pelas autorida-
des no dia 13 de março de 2020, que as aulas
seriam suspensas a partir do dia 16 de mar-
ço de maneira gradual, e totalmente a partir
do dia 23 de março. Passei o final de semana
inteiro muito apreensiva e com muito medo.
Chegando na escola, no dia 16 de março,
tentei passar tranquilidade aos alunos, em-
bora estivesse muito assustada. Conversa-
mos, discutimos sobre os cuidados que to-
dos nós deveríamos ter com nossa higiene
pessoal, e o quão importante seria manter o
isolamento social. Era um momento de muita
ria essa suspensão. Mas não imaginávamos que duraria tanto tempo assim.
Confesso que no início do isolamento não achei tão ruim ficar em casa não, pois com
tanta correria do dia a dia, ficava pouco tempo em casa. E apesar do medo gigantesco de
contrair a doença, ou perder alguém querido, ficar em casa, fazer as coisas que nunca tinha
tempo, colocar as leituras em dia, ficar juntinho com minha filhota, não soava tão ruim. Con-
tudo, à medida em que o tempo foi passando, o número de infectados e mortes só aumen-
tando, fui entrando em desespero, uma angústia, um medo, uma ansiedade, um nervosismo,
um pânico, uma vontade de chorar por tudo foi tomando conta de mim. A falta das pessoas,
dos encontros em família, da agitação da escola, da correria do dia a dia, do contato com o
mundo exterior foi mexendo muito comigo cada vez mais.
A notícia do retorno às aulas de maneira remota foi outro desafio, pois não fomos
preparados para trabalhar remotamente, a nossa profissão é pautada na troca, no contato,
no olho no olho, na troca de experiências, e até nas “broncas”. E como poderíamos fazer
isso de maneira remota? Como atingir os nossos alunos, se sabemos tamanha dificuldade
deles em todos os sentidos? Muitos precisam de intervenções imediatas para conseguirem
realizar as atividades. Como não deixar nenhum aluno para traz? Isso aumentará ainda mais
a desigualdade social, que já é gigantesca. São muitos questionamentos que fiz e continuo
fazendo.
Nossos alunos não têm maturidade para ensino à distância, e a maioria deles não tem
acesso à internet. Famílias com 3, 4, 5 crianças na escola e apenas um equipamento tecno-
lógico, como farão? Muitos pais e mães perderam seus empregos, estão com dificuldades
para alimentar seus filhos, como pensar em ajudar seus filhos com as atividades escolares?
É tudo muito angustiante e perturbador.
Além de tudo isso, fiquei muito preocupada devido à minha pouca habilidade com os
mecanismos tecnológicos, mas como temos um grupo maravilhoso, tenho recebido muita
ajuda dos colegas com relação ao uso da plataforma. Por ser algo novo assusta, mas na me-
dida do possível estou dando conta. Porém, infelizmente, poucos alunos estão realizando as
atividades, alguns por falta de conexão, equipamentos e/ou motivação.
O período de isolamento foi passando e a doença chegando cada vez mais próximo,
os números passaram a ter nomes, pessoas próximas, bem próximas contraindo a doença
e mina angústia, meu medo aumentando. Esse medo teve seu ápice quando minha querida
prima, praticamente, minha irmã, Ellis Regina contraiu a doença e foi internada.
Foram 7 dias de muita angústia e muitas orações para que ela conseguisse derrotar esse
terrível vírus, mas infelizmente nós perdemos a batalha e no dia 27 de maio ela veio a óbi-
to. Que dor! Que tristeza profunda! Nem despedir dela nos foi permitido, dar um último
adeus. É, sem dúvida, uma dor imensurável não poder estar do lado de quem amamos, nos
confortando uns aos outros, nos apoiando etc. Saber que milhares de famílias passaram por
tamanha dor , é muito... muito triste.
Estamos tentando nos refazer depois da partida dela, mas ainda é muito difícil. Sabemos,
que com o tempo, essa dor vai passando e ficarão apenas a saudade e as lembranças das
coisas maravilhosas que vivemos juntos.
Acredito muito em Deus e peço a Ele que tudo isso passe o quanto antes para que possamos
retomar nossas atividades, tanto pessoais, quanto profissionais, mas não como antes, porque
precisamos voltar melhores, valorizando as pequenas coisas, que antes passavam desper-
cebidas. Ainda tenho muito receio com relação ao retorno das aulas presenciais, pois penso
que a escola não tenha estrutura para receber tanta gente em um momento em que ainda há
um número alto contaminação. Na verdade, é um misto de sentimentos, pois se por um lado,
sei o quanto os alunos precisam dessas aulas presenciais, por outro, sinto que será muito
perigoso essa aglomeração dos alunos, professores e funcionários nas dependências da
escola. Como manter o distanciamento físico seguro lidando com crianças e adolescentes,
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