Page 250 - ARqUEOlOGiA NO PElOURiNhO
P. 250

procedimentos ligados à urbanização em suas diferentes   espacial e temporalmente o lugar (Najjar & Silva, 2006).
            possibilidades:  “consiste na utilização de métodos   Entendemos que, nessa tentativa, a compreensão do
            arqueológicos para compreender processos específicos   relevo foi fundamental para enxergarmos os problemas
            de desenvolvimento urbano […]. Envolve ver a cidade   relativos à ocupação e expansão da cidade. Desse
            tanto como ambiente como objeto de pesquisa” (Staski,   modo, a partir de uma leitura sobre a topografia da área
            1982, p. 96-97). Na primeira perspectiva, o autor se refere   pesquisada, apresentaremos uma análise acerca do
            à Arqueologia “da cidade”. Na outra perspectiva, trata   processo de ocupação.
            da Arqueologia “na cidade”, que é individual e não diz
                                                             A área da poligonal estudada é de 52.329,53m²,                     ALGUNS RESULTADOS INÉDITOS
            respeito, necessariamente, a processos ligados ao meio
            urbano, e não toma a cidade como objeto de pesquisa:   podendo ser caracterizada por dois tipos de relevo.
                                                             O  primeiro  ocupa  um  terço  da  poligonal  (33,32%),
            “Consiste em endereçar qualquer questão de pesquisa
                                                             com cota de altitude acima de 60m: situa-se na crista
            em um assentamento urbano. Envolve ver a cidade
                                                             de uma cadeia montanhosa (parte plana), local onde
            como um ambiente (tal como um vale ou um deserto)”
                                                             se encontram testemunhos dos assentamentos dos
            (Staski, 1982, p. 96-97).
                                                             núcleos primitivos da cidade. Na parte plana da área,
            Inspirados por essas linhas de interpretação, entendemos   observamos que o assentamento das casas se deu em
            que para além de uma Arqueologia  “da  cidade” ou   solo natural, com camadas de aterros pontuais pouco
            “na  cidade”,  compreender os espaços urbanos nos   espessas, geralmente servindo de contrapisos. O subsolo
            seus diversos momentos históricos requer estudos   apresenta poucas anomalias. O contexto se resume a
            interdisciplinares, que contemplem múltiplos olhares.   uma área pouco mexida, onde as transformações físicas
            Assim, pensar o urbano a partir do viés arqueológico é   das casas se apresentam principalmente nas estruturas
            interpretar o passado observando e aprendendo no   na superfície.
            presente. As  “rugosidades espaciais” enquanto cultura
                                                             Os outros dois terços da área pesquisada (66,68%)
            material encontram-se no presente, disseminadas por
                                                             – considerada como área de expansão dos núcleos
            todas as partes da cidade. Dessa forma,  não há como
                                                             primitivos –, com cota de altitude abaixo de 60m,
            desassociar os dois tempos. Daí a importância de entender
                                                             localizam-se em encosta de morro , com inclinação do
                                                                                         3
            os espaços urbanos como “sítios vivos” em movimento,
                                                             terreno muitas vezes superior a 40 graus, tendo uma
            onde o passado e o presente estão lado a lado.
                                                             ocupação mais tardia.
                                                             Segundo  a  bibliografia  consultada,  o  relevo  da  área
            A área da 7ª Etapa do Projeto Pelourinho         caracterizava-se pelas escarpas acentuadas e baixadas

            A pesquisa arqueológica, iniciada em julho de 2006,

            teve como objetivo desvelar e caracterizar as sucessivas   3   De acordo com a atual legislação em vigor, a área
            ocupações na área da 7ª Etapa do Projeto de Recuperação   seria considerada imprópria para habitação (Salvador. Lei   251
                                                              Municipal n. 3.377/84. Lei de Ordenamento do Uso e da
            do Centro Histórico de Salvador, buscando conhecer   Ocupação do Solo – LOUS).





            Programa monumenta – IPhan
   245   246   247   248   249   250   251   252   253   254   255