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ALGUNS RESULTADOS INÉDITOS
A Arqueologia e o urbano Nesse sentido, um dos pressupostos da Arqueologia
urbana é estudar as “rugosidades espaciais” identificando
Nas cidades históricas brasileiras encontram-se
e contextualizando os vestígios culturais imóveis e
importantes testemunhos históricos e culturais do
móveis no tempo-espaço. Esses vestígios podem estar
nosso país, referentes aos mais diversos períodos.
na superfície, algumas vezes, facilmente reconhecíveis
São os vestígios físicos, formas espaciais do passado,
por serem grandes monumentos, como as ruínas de
produzidos em momentos distintos e, portanto, com
uma igreja, antigos fortes etc. Outras vezes encontram-
características socioculturais específicas. De acordo com
se no subsolo, encobertos pelas transformações físicas
Santos (1980, p. 138), podemos compreendê-los como
por que passam as cidades em sua trajetória histórica.
“rugosidades espaciais”:
Essa parte não visível pode estar, por exemplo, atrás
as rugosidades nos oferecem, mesmo sem do reboco de uma fachada, sob o piso de uma casa,
tradução imediata, restos de uma divisão de enterrada no subsolo dos quintais etc. Ao estudar esses
trabalho internacional, manifestada localmente por objetos culturais inseridos na cidade, a Arqueologia
combinações particulares do capital, das técnicas tem a oportunidade de realizar uma releitura do modo
e do trabalho utilizados […] o espaço portanto é de vida dos seus antigos moradores. Porém, ela não se
um testemunho; ele testemunha um momento de prende apenas às escavações sistemáticas de campo,
um modo de produção pela memória do espaço pois também conta com as informações oferecidas por
construído, das coisas fixadas na paisagem criada. outras disciplinas, principalmente, pela História. Mesmo
assim o espaço é uma forma, uma forma durável, quando a investigação se resume a áreas específicas
que não se desfaz paralelamente à mudança de da cidade, como residências, o mercado, a praça ou
processos; ao contrário, alguns processos se adaptam até mesmo um conjunto desses “superartefatos”, é
às formas preexistentes enquanto que outros criam importante ela ter como referência a cidade-sítio.
novas formas para se inserir dentro delas. O conceito de cidade-sítio proposto por Pamela J.
Cressy (1978) esboça uma primeira estrutura conceitual
A partir desse raciocínio entendemos que as “rugosi-
para se entender as cidades do período histórico . Para
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dades” constituem paisagens técnicas que podem ser
Edward Staski (1982), são duas as perspectivas, uma de
periodizadas segundo o desenvolvimento do modo de
Arqueologia “da cidade” e outra “na cidade”. Das duas
produção ao longo do tempo. Para Santos (1992, p. 55), “o
perspectivas, a primeira é sistêmica, preocupa-se com os
estudo da paisagem pode ser assimilado a uma escavação
arqueológica. Em qualquer ponto do tempo, a paisagem 2 Na perspectiva da autora, a cidade é entendida como
consiste em camadas de formas provenientes de seus uma unidade de análise. Ela propõe pesquisas interessadas
em compreender os processos urbanos a partir de
tempos pregressos”. Desse modo, podemos considerar
objetivos orientados por problemas e questões que
que as “rugosidades” são a materialização do espaço e, ao entendam a cidade como um sítio representativo, um tipo
mesmo tempo, são a construção e a destruição de formas de assentamento ligado a uma sociedade complexa. Para
250 isso, exigem-se estratégias apropriadas de levantamento
e funções sociais dos lugares. arqueológico de acordo com os objetivos propostos.
ArqueologiA no Pelourinho