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O contexto de abandono é definido pelo ato de
se deixar em uma área artefatos associados a ela.
Figura 2 – Área de
Esse ato pode ser intencional, como nos casos de escavação. Casa
enterramentos de artefatos para fins funcionais, ou 27, rua Monte
Alverne, quarteirão
de deposição de oferendas para uma divindade , por 19 (depósito de
13
exemplo (figura 2). O abandono também pode ser abandono).
não intencional, como ocorre por esquecimento ou
em situações de fuga de uma família por ocasião de
incêndio ou desmoronamento do imóvel (figura 1).
Nesses casos definimos a deposição como de facto
(Schiffer, 1983). É comum que as deposições de facto
resultem em artefatos encontrados ainda inteiros ou
parcialmente inteiros.
Figura 3 – Área
Nas lixeiras domésticas (figura 3) os objetos geralmente de escavação.
estão fragmentados, pois o descarte ocorre após a quebra Casa 14, rua
São Francisco,
ou a perda da funcionalidade da peça. Mas a tendência quarteirão
é que estejam mais completos – na maioria das vezes 31 (lixeira
doméstica).
é possível a sua recomposição. Outra característica das
lixeiras é a presença abundante de restos orgânicos,
o que torna a cor do sedimento bastante escura. Isso
facilita a delimitação do espaço ocupado por esses
detritos, que geralmente não é muito extenso.
Para os casos de sepultamento, temos o tipo primário
(figura 4), dentro e fora da igreja, algo associado a um Figura 4 – Área
14
ritual cristão , e os sepultamentos secundários, em que de escavação.
o indivíduo teve de ser transferido para outro local após Corpo de
Bombeiros, ladeira
a primeira inumação. Nesse caso, os ossos encontram-se da Praça com
desarticulados e podem estar incompletos. O contexto rua J. J. Seabra
(sepultamento
dos sepultamentos realizados dentro de igrejas
primário).
normalmente se apresenta menos perturbado que os
13 Ver LEONE, M. The Archaeology of Liberty in an American
Capital: Excavations in Annapolis. Berkeley: University of
California Press, 2005. 255
14 Ver capítulo XV.
Programa monumenta – IPhan