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Figura 2 – Detalhe
da Planta de
Salvador, de 1625 a
1631. Observar no
destaque o vale com
a representação
de uma única casa
no seu interior.
Planta atribuída
ao cosmógrafo
português João
Teixeira Albernaz,
incluída no Livro que
dá Razão do Estado
do Brasil, de Diogo
de Campos Moreno.
da Praça e a sua paralela rua 28 de Setembro, ou rua que os homens do século XVI escolheram o sítio em
do Tijolo. O início do vale é atrás do quarteirão vizinho função também dela. Pois a base cristalina de horst
ao atual prédio da prefeitura de Salvador, na rua da é absolutamente impermeável e a espessa camada
Misericórdia, e seu fim no rio das Tripas, antiga rua da de solo, derivada de sua decomposição, é tão
Vala e atual rua J. J. Seabra, vulgo Baixa dos Sapateiros. porosa que serve de reservatório de águas sempre
Esse vale originalmente cortava a atual rua São Francisco, renovadas pelo clima úmido. Porosidade que é de
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conforme mostram as figuras 1 a 5. 20% e que permite a cada m de solo conter 200L
d`água. este solo atinge com frequência mais de
Esses vales, escavados pelas nascentes d’água existentes
30m de espessura. Daí ser fácil imaginar o imenso
na cidade alta, foram moldados pela energia das águas de
depósito em água que representa o solo da cidade
pequenos córregos. Inclusive, a fartura de água naquele
alta: basta cavar para encontrar poço. Basta um
platô foi um dos motivos que levaram os governantes a
afloramento ao contato da rocha-mãe com seu solo
transferir a cidade originalmente implantada na praia do
de decomposição para que surja uma fonte. Fontes
Porto da Barra para a cidade alta.
que se encontram na base do horst como também
... sobretudo, a riqueza da cidade alta, são suas águas, qualquer pista de fratura antiga. (Fundação 269
presentes em toda parte. esta água é tão presente gregrório de mattos, 1998, p. 39).
Programa monumenta – IPhan