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            do período , e inclusive revendiam ao poder público,   semelhantes ao contexto descrito no documento
            viabilizando outras obras.                       citado, onde os materiais seguiam a ordem proposta:
                                                             lixo coberto por solo estéril.
            Há também fontes primárias que mencionam a
            transferência de entulho retirado de um ponto da
            cidade para outro – o chamado desaterro –, o que
            nos possibilita refletir sobre a possível existência de   O aterro enquanto artefato
            uma política de expansão da cidade como um todo   O aterro observado na rua São Francisco foi
            (alta e baixa). Buscamos saber como ela estava sendo   exaustivamente pesquisado durante as escavações nas
            reorganizada ou mesmo como se dava o processo dessa   casas 37, 39 e 41 da rua 28 de Setembro (ver figura 4),
            expansão, mas não localizamos fontes que abordassem   local onde primeiro encontramos o aterro tecnogênico
            direta e efetivamente essa dinâmica.             com 9m de profundidade, confirmado por prospecção
                                                             geológica , uma realidade até o presente inédita para a
                                                                     4
            Consultamos um documento  que despertou especial
                                     3
                                                             Arqueologia histórica brasileira.
            interesse, no qual consta a proposta de um empreiteiro                                             Fachadas das casas
                                                                                                               37, 39 e 41, rua 28
            para solucionar os problemas sérios de responsabilidade   4   Realizada pela Companhia de Desenvolvimento   de Setembro (ou
            do governo, que envolviam o desaterro de áreas públicas   Urbano do Estado da Bahia.               rua do Tijolo).
            (Campo da Pólvora), a limpeza pública da cidade e
            a necessidade do asseio dos pântanos e das águas
            empoçadas às margens do rio das Tripas. A proposta
            era aproveitar o lixo das varreduras das ruas e jogá-lo
            nos locais com acúmulo de água parada e, em seguida,
            utilizar o solo estéril retirado do Campo da Pólvora para
            cobrir esse lixo. Para finalizar, o empreiteiro manifesta
            sua preocupação frente à insalubridade, se referindo à
            utilização do lixo, e a reporta aos profissionais da saúde
            para que deem seu parecer.
            Interessante foi constatar, por mais de uma vez, durante
            as  pesquisas  que  realizamos, perfis  estratigráficos

             2   APEB, seção colonial fundo, presidente da província,
             série obras públicas, 1847-1849, maço 4879 e 1825-1851,
             maço 4882; série inspetoria de higiene, 1855-1889, maço
             5613; série limpeza pública, 1854-1889, maço 1612; série
             juízes de paz, 1836, maço 2686, e 1836, maço 2686.
             3   APEB, seção colonial fundo, presidente da província,                                                        273
             série limpeza pública, 1854-1889, maço 1612.





            Programa monumenta – IPhan
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