Page 155 - Livro Adeia
P. 155
Aquilo me marcou, coloquei no ar. Ali se iniciou meu caso de amor com a Aldeia, que dura até hoje.
Mais tarde, quando eu já era presi- dente da TVE e Rádio FM Cultura, tive mais liberdade de mostrar a importân- cia do trabalho que a Aldeia fazia.
Tempos depois fui assistir a uma festa de Natal da Aldeia e achei que as crianças mereciam uma festa maior. Me comprometi a executar essa festa. Busquei amigos profissionais de eventos, alguns artistas, mobilizei a Escala, agência de propaganda da qual era sócio, para criarmos umas bolas de Natal, que seriam pintadas pelas crianças, colocadas em caixi- nhas especiais e trocadas por presen- tes em empresas e casas de pessoas.
A festa foi um sucesso, as crianças ganharam presentes, tudo certo. Mas junto com a festa, surgiu a necessi- dade de ajudar a Aldeia a resolver muitos dos seus problemas, de todos os tipos. Mesmo não tendo nenhum cargo formal na Aldeia, muita coisa caiu no meu colo e terminei me envol- vendo mais do que a intenção original.
Com as dificuldades e a saída do presidente da época, o vice-presi- dente aceitou assumir se eu partici-
passe junto. Aí começou meu envol- vimento formal.
De lá para cá, tenho procurado mostrar que o chamado Terceiro Setor não deve esperar do poder público e da sociedade apenas miga- lhas, aceitar imposições de práticas, muitas ultrapassadas, de gestão, de submissão e de contentamento com o pouco que recebem, de aten- ção e de verbas.
Somos um setor de deveria se chamar de Primeiro Setor, e não de Terceiro, porque trabalhamos por uma sociedade melhor, trabalhamos pelas pessoas, e não por dinheiro. Trabalhamos porque gostamos de pessoas. E queremos uma socieda- de menos desigual, que dê dignidade de vida e igualdade de oportunida- des a todos.
Um setor que sempre teve uma auto-estima baixa, não reconhecen- do o seu enorme valor na sociedade gaúcha e brasileira, não utilizando o enorme ativo que temos em mãos, que são pessoas que precisam de algum tipo de apoio para se estru- turarem e compensarem a enorme falta de oportunidades que sempre tiveram na vida.
155