Page 157 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
P. 157
E, pela primeira vez, o Instituto abriu as portas para parce-
rias com povos indígenas, pescadores artesanais e guardiões tradi-
cionais do mar, como Dona Yara. — “Eles sempre souberam,” disse
ela com um sorriso. “Só estavam esperando que a ciência ouvisse
com o coração.”
No mural da sala, sob o título Guardiões do Oceano, os pla-
nos começaram a tomar forma. Não eram apenas estratégias: eram
sementes de uma nova era.
E naquela noite, ao olharem o mar pela varanda do Instituto,
todos sentiram: o coração do recife pulsava junto com o deles.
Na quietude da madrugada, o Instituto adormeceu sob o
sussurro das ondas.
Lívia ficou por último na sala, olhando o mapa do arquipé-
lago iluminado apenas pela luz tênue da lua. Os pontos do recife
agora formavam algo que ela nunca tinha percebido: uma espiral.
Um símbolo antigo. Natural. Quase como uma assinatura do pró-
prio oceano.
Ela se aproximou da janela. Lá fora, o mar estava calmo, se-
reno, como se respirasse em paz.
Na areia, ao longe, Dona Yara caminhava descalça, dese-
nhando círculos na areia com seu cajado de pescadora. Círculos que
157

