Page 174 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
P. 174
As despedidas vieram como ondas calmas, uma a uma,
cheias de afeto e promessas. Não havia lágrimas tristes — havia
olhares molhados de gratidão. Endereços, contatos, pequenos ob-
jetos trocados como lembranças e um mundo de planos: visitas fu-
turas, colaborações em documentários, projetos artísticos, campa-
nhas de preservação e uma enorme colcha de ideias
compartilhadas.
O gesto mais tocante foi de um garoto da Indonésia, de olhos
vivos e sorriso constante. Com um caderninho artesanal na mão,
foi até cada amigo que fizera e pediu que escrevessem uma frase. O
título na capa era simples e poético: “Palavras para quando o
mar estiver triste.”
Lívia, emocionada, pensou com carinho antes de escrever:
— "Escute. Sempre haverá uma voz no fundo das águas es-
perando por você."
Ao receber o caderno de volta, o menino olhou para ela e
disse:
— O oceano agora tem memória. E ele tem o seu nome.
No voo de volta, Lívia sentia o tempo dilatado. As nuvens sob
a asa do avião pareciam espumas do mar, e tudo ao seu redor ainda
vibrava com as memórias recentes. Trazia o caderno no colo, o
174

