Page 44 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Ela assentiu, firme. Talvez não estivesse totalmente pronta.
Mas sabia que precisava estar.
A água naquela área era densa, com partículas em suspensão
que turvavam a visibilidade. Cada feixe de luz solar que atravessava
o azul parecia perder a força antes de tocar o fundo. O silêncio era
mais profundo ali — não como o silêncio calmo do dia anterior, mas
um tipo pesado, quase sufocante.
Os corais estavam fantasmagóricos. Ramificações brancas
como ossos, frágeis como vidro. Muitos se desfaziam com o simples
toque da nadadeira ou com o movimento da água. Lívia nadava de-
vagar, boquiaberta por trás da máscara. Aquilo não era o que ela
imaginava quando pensava num recife.
“Cadê os peixes coloridos? Os cavalos-marinhos dançando
entre os corais? Cadê o azul vibrante que pintava nas paredes do
quarto?”, pensava. O que via ali era um mundo sem cor, sem vida.
Mais à frente, algo chamou sua atenção: uma estrutura re-
donda, ranhurada, como um cérebro petrificado. Um coral-cére-
bro, enorme, rachado ao meio. As bordas partidas revelavam o in-
terior esfarelado, como um fóssil quebradiço.
Noah nadou até ela, parando bem próximo. Seus olhos, por
trás da máscara, refletiam espanto e tristeza. Ele pegou delicada-
mente um pequeno fragmento solto e analisou com sua lanterna.
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