Page 47 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Quando emergiram, o sol já estava mais alto, lançando refle-
xos dourados sobre a água calma. Mas a tranquilidade da superfície
não enganava mais Lívia. O que tinham visto lá embaixo pesava
como uma âncora no peito.
Noah retirou o regulador e se virou para Takashi, que os
aguardava no bote com um olhar sério, quase resignado.
— O recife está se partindo, professor — disse Noah, ofe-
gante. — Alguns corais se esfarelam só de encostar.
Takashi assentiu, sem surpresa. A resposta veio como uma
aula misturada com lamento.
— A poluição e o aumento da temperatura são grandes cul-
pados. Mas há algo ainda mais imediato e destrutivo: a pesca pre-
datória. Redes de arrasto, âncoras jogadas sem cuidado, embarca-
ções despreparadas… tudo isso arranca os corais pela raiz. Eles são
frágeis, Noah. Mais do que parecem.
Lívia, ainda com a máscara na testa, escutava em silêncio. As
palavras do professor caíam sobre ela como ondas pesadas.
Marta, mãe de Noah e oceanógrafa, que os ajudava a subir
no barco, completou com uma metáfora que saiu de seu coração de
oceanógrafa:
— O coral é como a fundação de uma cidade submersa. Sem
ele, os peixes perdem seus lares. Os cavalos-marinhos perdem seus
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