Page 49 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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No lado esquerdo da página, surgiu o recife como ela sempre
      imaginara: repleto de corais vivos, peixes-palhaço brincando entre

      as anêmonas, estrelas-do-mar repousando nos fundos arenosos, e
      até um polvo curioso saindo de sua toca. Era um mundo pulsante,

      vibrante, quase mágico.


             Mas ao lado, com traços mais duros, ela desenhou o que vira

      naquele dia: corais esbranquiçados e partidos, peixes ausentes, o
      vazio assombrando cada canto. O contraste entre as duas imagens

      na mesma folha era cruel. Uma realidade dividida ao meio.


             Lívia ficou olhando aquele par de mundos, engolindo o nó
      na garganta. Então, em silêncio, pegou o lápis azul-claro e, bem no

      centro da área destruída, desenhou algo novo: um pequeno broto

      de coral surgindo da rachadura.





















             Não era grande, nem chamativo. Mas estava ali — crescendo

      apesar do dano, apesar do abandono.


             Lívia sorriu pela primeira vez naquele dia.

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