Page 153 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Após a apresentação de Lívia e seus amigos, o palco recebeu uma sequência
de vozes jovens e corajosas que pareciam falar com o próprio espírito do oceano. A
plateia se calava, não por obrigação, mas por respeito. Cada novo discurso era uma
onda de emoção, uma corrente de esperança que atravessava fronteiras invisíveis.
Uma menina de cabelos trançados, chamada Aisha, vinda de uma vila cos-
teira na Tanzânia, contou como sua comunidade resgatava tartarugas presas em re-
des de pesca e replantava manguezais com as próprias mãos. Quando terminou, er-
gueu um punhado de sementes de mangue e declarou, com voz firme:
— “Nós não temos muito, mas temos as raízes. E toda raiz sabe o caminho
de volta.”
Depois veio Javier, um garoto mexicano que cresceu entre recifes e tempes-
tades, contando como usava drones feitos com peças recicladas para monitorar áreas
marinhas protegidas. E uma jovem cientista da Noruega compartilhou dados sobre
como as algas marinhas poderiam ser a chave para reduzir o carbono no planeta —
mas fez isso com um violino no colo, tocando ao final uma música suave inspirada
no som das baleias.
Nos corredores, aconteciam encontros improváveis: pescadores ensinando
jovens engenheiros a ler os ventos; artistas pintando murais com tintas à base de
conchas moídas; estudantes trocando cartas com promessas de projetos conjuntos
entre continentes. Havia troca de saberes, de histórias, de olhares sinceros.
E então, num gesto espontâneo, um grupo se reuniu em roda e criou o Mapa
dos Compromissos: uma grande tela em branco onde cada país desenhava uma
promessa. Não havia política, burocracia ou disputa — apenas o compromisso com a
vida marinha.

