Page 16 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
P. 16
Lívia, com o caderno firme nas mãos e o coração batendo rápido, soube que
já não havia como voltar atrás.
Antes mesmo de desfazer as malas, Lívia correu até o fim da passarela de
madeira, seus passos ecoavam suavemente sobre as tábuas envelhecidas pelo sal e
pelo tempo. Ao alcançar a beirada, parou, ofegante, não de cansaço, mas de encan-
tamento.
A água ali era cristalina como vidro polido, revelando um espetáculo silenci-
oso sob a superfície. Cardumes prateados dançavam entre pedras, anêmonas e frag-
mentos de coral. Um polvo esgueirava-se lentamente por entre rochas. Pequenos ou-
riços do mar pareciam estrelas negras repousando sobre a areia clara.
Lívia sentou-se com cuidado, dobrando os joelhos. Tirou o caderno da mo-
chila como se manuseasse um objeto sagrado. Ali começaria seu diário de bordo, mas
não com palavras, com traços. Abriu na primeira página e começou a desenhar com
lápis leve. Seus olhos iam do mar ao papel, do papel ao mar, como quem traduz um
segredo.