Page 39 - REVISTA IMPACTO ED 88
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mais severas contra os agressores, em qualquer lugar praticada contra as mulheres no município. “Para
do Brasil os números continuam alarmantes quando que todos possam ter uma ideia, somente no ano
o assunto se refere à violência doméstica que é legal- passado foram registrados cerca de 300 casos e nes-
mente definida no artigo 5.º da Lei Maria da Penha te ano de 2018 - e estamos em março ainda - já são
como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero mais de 60 casos registrados” pontuou. Ela lembrou
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual também que “existem mulheres que sofrem caladas
ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. e, por vergonha ou medo, não se manifestam”.
Em Maracaju, município localizado a cerca de A primeira-dama Leila Azambuja afirmou na
160 km de Campo Grande, a realidade não é diferente ocasião que a criação da delegacia seria um passo
das demais regiões do país. Os crimes domésticos li-
deram com bastante folga o ranking da criminalidade
no município que, além de possuir uma das econo-
mias mais pujantes do Estado graças à generosa pro-
dutividade de suas terras, tem como referencial o fato
de o atual governador de Mato Grosso do Sul, Rei-
naldo Azambuja (PSDB), ter iniciado ali a sua carreira
política no ano de 1996 quando se elegeu prefeito. Foto: Alex Souza
Depois se reelegeu para o cargo na eleição de 2000.
SOCIEDADE MOBILIZADA - A onda crescente
de agressões contra as mulheres fez com que a so- Na Câmara Municipal, movimento recebeu apoio
ciedade maracajuense se mobilizasse no sentido de irrestrito dos vereadores maracajuenses
sensibilizar as autoridades estaduais para a necessi- importante para toda a comunidade, principalmente
dade de se instituir mecanismos para conter ou ao para as mulheres vítimas de violência. “Não pode-
menos minimizar o problema. mos mais conviver com essa triste realidade. É difícil
A criação de uma Delegacia Especializada no para a mulher expor suas intimidades para um po-
Atendimento à Mulher foi reivindicada pela socie- licial homem. Se o atendimento for de uma mulher
dade, em movimento liderado pela promotora de para uma mulher será uma situação totalmente dife-
Justiça, Simone Almada Góes, pela primeira-dama rente. Os números mostram que onde tem Delegacia
do município, Leila Azambuja, e pela seccional da da Mulher a violência contra a mulher diminui” disse.
Ordem dos Advogados do Brasil em MS – OAB/MS Os vereadores se demonstraram sensibili-
-, presidida pela advogada Nely Ratier Placência. A zados pela causa e apoiaram publicamente a im-
plantação da Delegacia da Mulher, o que acabou
Foto: Géssica Souza não se concretizando.
Porém, a mobilização não ficou sem resulta-
do positivo. Graças ao movimento, a Delegacia de
Polícia Civil vai ganhar uma Sala Lilás e a delegada
Gláucia Fernanda Valério já está lotada no município
atendendo especificamente os casos de violência
contra a mulher.
No final do mês de julho, por sinal, em reunião
na Prefeitura Municipal, com a presença do delega-
do-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Mar-
celo Vargas, e da subsecretária estadual de Políticas
Mulheres maracajuenses que lideraram movimento Públicas para as Mulheres, Luciana Azambuja Roca,
pela instalação de Delegacia da Mulher na cidade o chefe de Gabinete do prefeito, Paulo Suslek, repre-
Defensoria Pública do Estado e o Conselho Munici- sentando o prefeito Maurílio Azambuja (MDB), teve a
pal dos Direitos da Mulher de Maracaju também en- confirmação de que a construção da Sala Lilás terá
traram na luta. início em outubro próximo. Na reunião também esta-
O movimento aconteceu no dia 14 de março vam presentes a vereadora Marinice Penajo (PSDB)
passado no plenário da Câmara Municipal, ocasião e a representante da Coordenadoria da Mulher, Tu-
em que a representante do Ministério Público apre- any Fernandes.
sentou à sociedade números referentes à violência A obra da Sala Lilás terá 70 metros de área
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