Page 101 - Cinema Português
P. 101
António Lopes Ribeiro
António Lopes Ribeiro (1908-1995)
Vou dedicar este capítulo ao por muitos apelidado (e justamente) o “pai” do Cinema Português: António
Filipe Lopes Ribeiro (1908-1995).
António Lopes Ribeiro (1908-1995), nasceu em Lisboa em 16 de Abril de 1908, numa família que lhe
incutiu o gosto pela cultura. Em 1926, estudava no Instituto Superior Técnico quando uma greve de estudantes
o levou a pedir emprego a um tio que era caricaturista no semanário “Sempre Fixe”. Começou a escrever
críticas cinematográficas, sob o pseudónimo de “Retardador”. Para este jovem de 17 anos, era um trabalho de
sonho. Pouco tempo depois, foi convidado para colaborar no “Diário de Lisboa”, numa página semanal
dedicada ao cinema. Foi uma estreia mundial - até então não havia nenhum jornal diário no mundo com uma
página inteiramente dedicada ao cinema.
António Lopes Ribeiro (1908-1995)
Passados dois anos, António Lopes Ribeiro teve a oportunidade de se estrear no cinema, quando foi
convidado para realizar um pequeno documentário intitulado “Bailando com o Sol” (1928).
Ainda em 1928 funda, com Chianca de Garcia (também realizador de cinema), a revista "Imagem", a
primeira de três publicações sobre cinema que dirige. As outras foram "Kino" (1930) e "Animatógrafo" (1933).
Em 1929, visitou vários estúdios europeus. Quando chegou a Moscovo, conheceu dois dos maiores
realizadores de todos os tempos: Serguei Eisenstein e Dziga Vertov. De regresso a Lisboa, voltou a sentar-se
atrás das câmaras, desta vez para dirigir as cenas portuguesas de um filme alemão intitulado “A Menina
Endiabrada”. Em 1934, foi convidado por António Ferro, responsável pela propaganda do regime, a realizar
um filme comemorativo dos dez anos da implantação do Estado Novo. O resultado foi “Revolução de Maio”,
filme de exaltação nacionalista.
Em 1940, lançou-se na produção de filmes, através das "Produções António Lopes Ribeiro". De 1940 a
1970, parte da sua obra cinematográfica é dedicada aos actos oficiais do Estado Novo, sendo por isso
chamado de "cineasta do regime". Alguns outros exemplos desta faceta de António Lopes Ribeiro são o
"Feitiço do Império" (1940), "Manifestação Nacional a Salazar" (1941), ou "30 Anos com Salazar" (1953).
A rádio também fez parte da sua vida. A sua actividade radiofónica está directamente ligada à criação,
em 1933, da "Emissora Nacional", da qual fez parte dos seus quadros de pessoal, situação que se manteve
até 1936, tendo sido um dos director da mesma e produziu um programa de “jazz”.
95