Page 103 - Cinema Português
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António Lopes Ribeiro


               poema Procissão, declamado por João Villaret) e tradutor - em 1957, traduziu a peça "Três Rapazes e Uma
               Rapariga",  de  Roger Ferdinand, protagonizada por  Vasco  Santana, Henrique  Santana, João  Perry  e Raul
               Solnado.

                     Em 1957, começou a fazer televisão,  na  RTP,  apresentando o  “Museu do  Cinema”,  uma conversa
               mágica sobre a sétima arte. Foi um sucesso. A forma apaixonada como eram apresentados os filmes antigos
               cativou uma geração de jovens espectadores. Após o 25 de Abril de 1974, António Lopes Ribeiro teve de
               abandonar o programa. Foi o preço a pagar pelos filmes que realizou sobre o regime de Salazar.


























                                                        “Museu do Cinema”

                     Regressou em 1982, para mais uma série de “Museu do Cinema”. Colaborava ao piano neste programa
               o maestro António Melo. É célebre a sua frase «...a TV não é senão o prolongamento do próprio cinema, como
               o cinema foi o prolongamento do teatro». Quanto a António Melo, ao piano, criava o ambiente propício para
               uma conversa íntima e mágica, mas eram só mesmo as cordas do piano que falavam, pois ele só se dava às
               palavras quando o seu colega Ribeiro o espicaçava: «Ó Melo, diz lá boa-noite aos senhores espectadores!», e
               então o Melo sorria e falava... pouco, mas falava.

                     Em 1984, surpreendeu o público português, quando surgiu como actor, interpretando um padre liberal
               na telenovela "Chuva na  Areia",  ao  lado de  Virgílio  Teixeira, Mariana Rey Monteiro, Armando Cortez, José
               Viana, Carlos Wallenstein e Rogério Paulo.

                     «Uma  pessoa destaca-se quando consegue resultados duradouros ou cativantes», diz  o poeta
               Fernando Pinto do Amaral. A obra de António Lopes Ribeiro durou até aos nossos dias. Os seus filmes podem
               estar ultrapassados, mas continuam a ter um encanto especial. Podemos agradecer a este homem inteligente
               e culto algumas das mais belas imagens do cinema português.

                     Filmografia mais relevante, como realizador e como produtor, de António Lopes Ribeiro:

                     -  Bailando ao Sol (1928) estreia neste filme-documentário
                     -  Gado Bravo (1934)
                     -  A Revolução de Maio (1937)
                     -  O Pai Tirano (1941)
                     -  Aniki-Bóbó (1942) só como produtor
                     -  Pátio das Cantigas (1942) só como produtor
                     -  Amor de Perdição (1943)
                     -  A Morte e a Vida do Engenheiro Duarte Pacheco (1944)
                     -  A Vizinha do Lado (1945)
                     -  Anjos e Demónios (1947)

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