Page 102 - Cinema Português
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António Lopes Ribeiro
Em 1940, lançou-se na produção de filmes, através das "Produções António Lopes Ribeiro". Quis criar
uma estrutura que assegurasse a continuidade do trabalho. Acreditava que uma indústria de cinema nacional
só seria possível com trabalho permanente. Produziu filmes como “Aniki-Bóbó” (1942), de Manoel de Oliveira,
e “O Pátio das Cantigas” (1942), realizado pelo seu irmão, Francisco Ribeiro (Ribeirinho). Quase ao mesmo
tempo, realizou “O Pai Tirano”, que para mim é a melhor comédia do cinema português.
António Lopes Ribeiro e Vasco Santana
António Lopes Ribeiro gostava dos grandes clássicos da literatura portuguesa e adaptou alguns. O
primeiro foi “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco. Foi um êxito junto do público. Em 1950, levou ao
ecrã a obra, de Almeida Garrett, “Frei Luís de Sousa”. Apesar de muito bem feito, não igualou o sucesso de
“Amor de Perdição”. Em 1945 realiza uma comédia ligeira, "A Vizinha do Lado".
Na década de 50, o cinema português entrou em crise, financeira e criativamente. António Lopes
Ribeiro só conseguiu fazer documentários. Só voltou a fazer uma longa-metragem passados dez anos. Tratou-
se de “O Primo Basílio”, adaptação do romance de Eça de Queirós, um fracasso de público e de crítica.
Aguentava-o uma débil chama. Nunca mais voltou a fazer cinema.
Paralelamente à sua carreira de cineasta, foi empresário teatral - fundou em 1944, juntamente com o
seu irmão Ribeirinho, a companhia “Os Comediantes de Lisboa” -, poeta (compôs em 1956 a letra do famoso
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