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Surpreendentemente humanos

O ser humano é capaz de sentir saudade do que
desconhece, de lamentar experiências que não teve
(ou que considera que não teve) e das quais sente
(ou acha que sente) falta, bem como de sofrer
ao se recordar de situações que nunca viveu e que,
no entanto, insistem em rodopiar em sua mente.
É difícil explicar a complexidade
do que sentimos e de como nos sentimos
em diferentes momentos de um mesmo dia.

Não é fácil ser humano (ao menos tentar ser mais humano),
lidar com a origem desconhecida (inconsciente)
de certos medos bem presentes.
Não é tarefa simples ter de enfrentá-los
e de superá-los (ao menos tentar superá-los)
por se tratar de uma questão de sobrevivência.

Aliás, o que essa nossa luta por sobrevivência
nos garante (sem muitas garantias) é a consciência de
saudades e de medos desconhecidos, os quais,
apesar de toda a ansiedade e dor que geram,
não nos impedem de viver em plenitude,
com certa paz, alegria, arte e saúde,
permitindo-nos também sentir saudade do que vivemos,
de viagens, festas, encontros e pessoas queridas,
bem como lutar contra medos conscientes.

Sim, somos complexamente humanos
e surpreendemo-nos conosco a cada dia,
sobretudo, com a nossa capacidade de sentir,
de lutar e, sobretudo, de amar.

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