Page 100 - ASAS PARA O BRASIL
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Nossas estadias dependiam da nossa situação financeira do
momento e da cotação do euro.
Nosso lugar preferido era a praia de Hendaye no País Basco.
Os Pirineus não estavam longe e íamos fazer grandes passeios nas
montanhas com o meu primo Serge e procurar por cogumelos.
Fomos também à Argentina, ao Chile, a Espanha, a Portugal, aos Estados
Unidos e finalmente a Bali para celebrar nossos dez anos de casamento.
Quando fomos morar juntos, herdamos um grande e magnífico
Dobermann que chamamos de “Monsieur”; ele sumiu repentinamente,
provavelmente roubado.
Procuramos por ele durante mais de um mês, em vão.
A partir desse dia vários Dobermanns nasceram na Chácara, de cor marrom
e preta: Lacan, Lady, Lara, Lautrec, Justine e Vana.
Quanto à minha cadela favorita, chamada Madonna, um Dobermann
fêmea, eu a encontrei uma manhã babando, deitada no seu canto preferido.
Ela me mostrou os dentes com um grunhido inabitual, ela fugiu e nunca
mais a vimos.
Supomos que tinha sido mordida por uma raposa com raiva.
Alguns dias depois, soubemos que tinha sido morta por um camponês que
ela tentou atacar e morder.
Vários cães morreram de piroplasmose, contaminados por
carrapatos sugadores de sangue.
Nas minhas caminhadas no campo, nossos cachorros estavam
sempre perto de mim caso surgisse uma cobra. Não saberia dizer quantas
cobras eles mataram.
Eu ainda revejo a Lady rasgando com uma violência e uma rapidez incrível
a cabeça de uma jararaca enquanto andava pelo pomar.
Sua colega, a cobra coral era a mais comum.

