Page 102 - ASAS PARA O BRASIL
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Os  cachorros,  junto  com  o  muro  de  proteção  foram  a  melhor
                  garantia de nossa segurança, porque muitas casas ao redor foram roubadas
                  e seus ocupantes agredidos.

                   Tínhamos um casal de caseiros que moravam no pavilhão confortável que

                  tínhamos construído em frente à propriedade.

                  Rodrigo,  o  nosso  caseiro  pouco  temerário  a  quem  ensinei  a  cuidar  da
                  propriedade  e  das  plantações  de  palmeiras,  tinha  uma  péssima
                  mentalidade: Lula, presidente do país, era seu Deus.


                  Ele  acompanhava  atenciosamente  as  reformas  sociais  e  aplicava  os
                  horários de trabalho minuciosamente.

                  As  más  línguas  dizem  que  Lula,  o  sindicalista  populista  tinha  cortado
                  voluntariamente o dedo auricular para receber a pensão por invalidez.


                  Nosso  Rodriguinho  tinha  medo  dos  cavalos  e  talvez  mesmo  até  da  sua
                  sombra.

                   Ele tinha começado uma criação de galinhas e de ovelhas que terminaria
                  de maneira dramática; sem pedir licença, os Dobermanns, raça exclusiva,
                  dominadora e que não suporta a concorrência, acabou com a criação.


                  Perto da linha do Equador, a noite aparece por volta das cinco e meia de
                  tarde.

                   Começa então o “concerto” dos insetos e dos sapos. Muitas vezes, algumas
                  “cobras de Viadeo”, um tipo de jiboia que pode medir até seis metros de

                  comprimento, e que adoram leite, assoviam e fazem barulho para atrair
                  suas futuras presas emitindo gritos longos e atordoadores.

                  Eu  assisti  nos  anos  1950,  um  filme  sobre  formigas  assassinas  que  me
                  impressionou  bastante: “The Nike Jungle”  (filme  americano  dirigido  por  Byron
                  Haskil, lançado em 1954 com Charlton Heston e Eleanor Parker).

                  Uma  noite,  por  volta  das  sete  horas,  antes  das  primeiras  chuvas,  as

                  formigas saíram do formigueiro para se servir na nossa horta.

                   Milhões  delas  tinham  escalado  o  muro  de  dois  metros  e  avançavam
                  militarmente em fileiras na alameda.


                  Foi uma noite penosa que passamos matando-as.
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