Page 106 - ASAS PARA O BRASIL
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Para fazer uma demonstração, ele fabricou uma centena de queijos, que
                  ele deixou uma noite num frigorífico da fábrica.

                    Desapontado,  ele  nos  contou  a  sua  desventura  com  os  fabricantes  de
                  queijo  da  região:  sabotagem,  excesso  de  zelo  ou  alergia  aos  queijos

                  franceses?  Talvez  não  gostassem  de  camembert!?  Os  queijos  locais  são
                  intragáveis para um francês.

                  Fomos buscá-lo no final da sua missão para que ele passasse alguns dias
                  conosco e que ele se recuperasse destas emoções. Durante uma semana,
                  degustamos verdadeiros camemberts da Normandia que ele nos ofereceu
                  gentilmente.


                                                               CAPÍTULO XVII

                                            Um náufrago, os peixes voadores.


                  Um  dia  de  dezembro  de  2004,  de  volta  à  Fortaleza
                  onde  íamos  fazer  compras  uma  vez  por  semana,  nossas  duas  filhas  nos
                  avisaram que pescadores de Caponga haviam recolhido um “australiano
                  amarrado em uns grandes latões”.

                  Sabendo  que  ninguém  falava  inglês  na  região,  fomos  ao  hospital  de

                  Cascavel para auxiliá-lo. Afinal de contas, era um clandestino nigeriano de
                  Abuja,  que  tinha  se  refugiado  a  bordo  de  um  cargueiro  que  ia  para  o
                  Canadá.

                  Nosso nigeriano, “branqueou” com as queimaduras do sol e aos borrifos,
                  me contou que tinha visto peixes voadores durante sua aventura marítima!


                  História surpreendente; será que estava bem da cabeça?

                  Sua  presença  a  bordo  de  um
                  cargueiro  tailandês  que  havia
                  saído de Port Bouet em Abidjan,

                  tinha  sido  descoberta  no  nosso
                  litoral.  O  comandante  do  barco
                  decidiu se livrar dele jogando-o
                  ao mar, amarrado em dois latões
                  com  um  pouco  de  macarrão  e
                  alguns pedaços de abacaxi.


                                                                                                           Hospital de Cascavel
                  As multas infringidas pelas autoridades canadenses eram altíssimas caso
                  descobrissem um clandestino a bordo.
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