Page 111 - ASAS PARA O BRASIL
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CAPÍTULO XIX

                   Felicidades consulares, venda da chácara, sertão, Amazônia expatriados


                                                     e comentários

                         Três vezes por ano, eu tinha que fornece um atestado de vida para poder
                  continuar recebendo a minha aposentadoria.


                  Para isso, eu tinha que ir até Fortaleza, ou seja, 520 km por ano para um
                  carimbo e uma assinatura indispensável do consulado.

                     Falemos de nosso Cônsul Geral com base em Brasília, que durante sua
                  visita à Fortaleza nos deixou uma lembrança grandiosa e memorável...


                  As portas do consulado abriam às 14h. Ali, debaixo de um sol de rachar, um
                  homem, um casal e nós, esperávamos que a porta abrisse. Quando abriu
                  todo o mundo correu para abrigar-se debaixo da sombra das árvores onde
                  nos  esperavam  cadeiras  alinhadas.  Percebemos  então,  na  entrada  do
                  escritório, ao lado do Cônsul Geral, nossa Consulesa honorária brasileira,
                  vestida com um vestido vermelho longo com frufrus e sapatos dourados.


                  O homem entrou primeiro e saiu rapidamente gritando e fazendo gestos e
                  xingando  o  Cônsul  de Brasília;  ele disse que iria nem mais  nem  menos
                  “quebrar a cara” dele.

                  Em seguida, o jovem casal entrou, mas quando reapareceu, a mulher estava
                  aos prantos e parecia desesperada; seu marido tentava consolá-la.


                  Veio a nossa vez. Estávamos preocupados e desconfiados, temendo pelo
                  sucesso da nossa empreitada que consistia unicamente em preencher um
                  formulário  na  frente  deste  sujeito  aparentemente  pouco  agradável  e
                  diplomata.

                   Isso se confirmou rapidamente.


                   Quando lhe fiz uma pergunta sobre a minha esposa, sua resposta foi seca
                  e categórica: “Não é você que tem que fazer o pedido, é a Senhora”. Talvez
                  fosse um militar que trabalhou em algum setor de poucas palavras.


                  Nossa Consulesa de Fortaleza, “Fernanda” para os amigos, me contou mais
                  tarde,  que  um  velho  aposentado  só  falava  francês  com  o  cachorro  dele;
                  fiquei profundamente comovido.

                  Após está triste história, decidimos a Consulesa e eu criar uma associação
                  para reunir a comunidade franco-brasileira da região.
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