Page 112 - ASAS PARA O BRASIL
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Foi  difícil,  mas  conseguimos  reunir  mais  ou  menos  duzentas  pessoas
                  numa boate chamada “Os Piratas”, local de lazer preferido dos turistas.

                    Ela tinha o objetivo de criar um lugar de encontro e de trocas. Para muitos
                  expatriados,  isso  foi  uma  maneira  de  escapar  da  solidão.  As  reuniões

                  geralmente terminavam em bebedeiras e brigas por motivos políticos.

                           Meu discurso reunificador permitiu, para a minha grande surpresa, a
                  constituição da associação e a criação de uma página na internet chamada
                  “Français du Ceará” ...


                  Essa  associação  já  não  existe  mais,  há  pouco  tempo:  em  regra  geral  os
                  franceses não são muito solidários.

                       Mas os franceses são assim, não gostam muito de criar laços. Que pena!

                         Rapidamente, deixamos de ir a essas reuniões que ocorriam no final da

                  tarde.

                   Além disso, a volta de carro à noite era muito perigosa.

                   Uma vez, havia um tronco de árvore no meio da estrada deixado ali de

                  propósito para bloquear a passagem.

                   Graças  à  altura  do  4x4  conseguimos  passar  pelo  obstáculo;  era  uma
                  emboscada, o que foi confirmado mais tarde.

                  Graças a essa associação, eu conheci o Denis que se tornou um verdadeiro
                  amigo.


                  Ele vivia há tempo demais com a sua esposa cearense que odiava a França
                  e os franceses.

                  Ele  se  divorciou  e  vive  agora  em  Marselha  e  Coutances.  Ele  me  ajudou

                  muito  criando  um  magnífico  site  na  internet  para  a  venda  da  minha
                  propriedade.

                   O ano passado, nadamos juntos com os golfinhos em Pipa, perto de Natal.

                  Colocamos à venda nossa propriedade, no começo de 2008: o notário nos
                  entregou finalmente a escritura após 15 anos de procedimento judicial
                  contra nossos próprios compatriotas.


                  Como foi o caso com o meu avô Marcel Bouilloux-Lafont, eu não me dei
                  muito bem com os compatriotas que vivem no Brasil.
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