Page 110 - ASAS PARA O BRASIL
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O agricultor chamado “Fan” tinha que desentupir os canos; ele estava
mais interessado pela sua criação de gado e esse trabalho de desentupidor
não lhe convinha nada.
Muitos pés de caju morreram por falta d’água e de cuidados. O que teria
acontecido com uma tão bela plantação?
Tínhamos nosso lugar na vida regional após dezessete anos e éramos
respeitados e bem considerados.
Um parisiense típico comprou duas casas na beira do mar em Caponga. Já
na segunda noite, ele e sua família foram agredidos e roubados. Tivemos
que socorrê-los às duas horas da manhã. Ele tinha a pretensão de
transformar a mentalidade do vilarejo de pescadores.
O Zorro tinha chegado!
Depois disso, ele contratou dois guardas em tempo integral. Ele tinha o
mau costume de ostentar a sua riqueza.
Era um jogador de pôquer inveterado e um otimista impenitente sobre a
riqueza e o futuro do Brasil. Ele tinha comprado e reformado uma velha
fazenda e cavalos para fazer um centro turístico; seus amigos de Paris
vinham passar férias.
Ele teve problemas com a Receita Federal.
O meu avô tinha o costume de falar que estes “espíritos infalíveis” nunca
sairiam de seus cantos e que seria melhor se viajassem dentro de seus
quartos na França.
Na bela praia de Caponga, havia também um restaurante que era
administrado por um antigo policial de quem se dizia como cantava o
artista Higelin, que o seu passado tinha se desenrolado em “águas turvas”.
Jantávamos lá de vez em quando, a comida era boa e o patrão nos fazia
reviver um pouco a atmosfera de um bistrô francês.
As poucas casas que pertenciam a franceses eram decoradas com vários
quadros dos mestres da pintura que nosso querido policial aposentado
reproduzia fartamente por encomenda.
Eu troquei algumas reproduções contra algumas palmeiras raras do meu
jardim: um Modigliani, um Renoir, um Monet etc. Que bênção!