Page 45 - Nos_os_bichos
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Ao fim de algum tempo, os animais perceberam que, apesar de irritante, o galo era um animal muito
importante na quinta, pois era este que acordava o fazendeiro todos os dias à mesma hora para alimentar os
animais. A partir desse dia, todos os galos que passaram nessa quinta cantavam à vontade, sem qualquer tipo
de reclamação por parte dos restantes animais.
Laura Oliveira
A vida criminosa de uma pega
Era uma vez uma pega muito gananciosa, que roubava as joias todas às pessoas. A pega era preta com
penas brilhantes e brancas. Tinha um bico pontiagudo e garras afiadas. O seu ninho estava cheio de acessórios
valiosos como colares de pérolas, brincos de ouro e pulseiras de prata.
Certo dia, a pega foi levada ao tribunal da floresta e aí foi julgada por causa dos crimes que cometera.
O juiz era uma águia e os periquitos eram os advogados.
O juiz tinha um bico muito pontiagudo e amarelo. As suas penas eram castanhas e brancas. Podia dizer-
se que o juiz metia o tribunal todo em ordem com apenas duas batidas com o seu martelo, dando assim início
ao julgamento da pega.
- Vamos iniciar o julgamento, começando por ouvir o advogado de defesa da senhora pega. – disse a
águia.
- Como sabem, estamos aqui hoje por causa de uma denúncia feita pelo senhor beija-flor. Ele acusou a
minha cliente de ter roubado joias a humanos. Tem alguma coisa a acrescentar à sua denúncia? – perguntou o
advogado ao beija-flor.
- Sim – afirmou – há uma semana atrás reparei que a senhora pega entrou pela janela de uma casa.
Trazia no bico um anel de ouro e foi colocá-lo no seu ninho. Fiquei desconfiado e comecei a vigiá-la, até que,
por fim, achei por bem ir ver o que ela guardava no ninho. Quando lá cheguei, deparei-me com um mar de joias
e a minha primeira reação foi denunciá-la! – explicou o beija-flor.
- Muito bem. Gostava de perguntar à minha cliente se tem alguma coisa a dizer. – disse o advogado.
- Não, só quero assumir tudo o que fiz. – fez uma pausa – Fui eu que roubei as joias a todas as pessoas
desta aldeia e só as roubei para poder mostrar que era rica e que podia ter tudo o que queria.
- Bom, no fim de assistir a isto tudo vou condenar a arguida a cinco anos de prisão e proíbo-a de voltar
à aldeia e de ter qualquer contacto com os humanos durante dez anos. Com isto, dou
por terminada a sessão – concluiu o juiz.
A pega foi presa, as joias foram-lhe retiradas e devolvidas aos humanos.
Lição de moral: “Quem tudo quer, tudo perde.”
Letícia Crespo
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